quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Uso de Pequenas Quantidades de Drogas está "Liberalizado" em Seis Distritos



Falta de pessoal

Uso de pequenas quantidades de drogas está "liberalizado" em seis distritos


Jornal Publico 26.12.2007
Se alguém for apanhado a fumar um charro ou a inalar cocaína em pequenas quantidades no distrito de Santarém pode ter que pagar uma coima ou ser mandado para tratamento, se o mesmo acontecer no distrito de Lisboa, Bragança, Guarda, Viseu, Coimbra e Faro nada acontece. Neste momento há seis distritos do país onde a compra, posse e consumo de droga em pequenas quantidades não tem consequências porque as Comissões de Dissuasão da Toxicodependência (CDT) destes distritos estão sem poder decisório por falta de pessoal.Já este ano foi a vez de a CDT de Coimbra deixar de poder aplicar medidas a consumidores de drogas, mas o processo de perda de poder decisório tem sido gradual. Começou em 2003 com as CDT de Viseu e da Guarda, em 2004 foi a vez das CDT de Faro e Bragança, em 2005 foi a de Lisboa. No início da lei existiam 18 comissões operacionais, agora existem apenas 12.Do total de processos entrados em 2006 (6216), metade ficou pendente (3196), referem dados do Relatório Anual do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) de 2006.Falta de quórumEm 2001, a lei que descriminalizou a posse, compra e consumo de droga até um máximo de "consumo médio individual para dez dias" (no caso da cannabis ronda as 25 gramas) veio tirar estes casos dos tribunais, transferindo-os para as então criadas CDT.O problema é que nestes órgãos as decisões têm que ser tomadas por pelo menos dois dos três técnicos que compõem a comissão - há seis CDT em que ou não existe quórum ou não há qualquer membro. Os tribunais continuam a transferir processos para as comissões, no ano passado foram 524.Na prática, a lei da descriminalização não se aplica em seis dos 18 distritos onde foram criados estes órgãos, reconhece o presidente do IDT, João Goulão. Este responsável afirma que "nos primeiros dias de 2008" serão apresentadas propostas de alteração à lei (ver caixa)."Nesses seis distritos a droga não está descriminalizada, está liberalizada", sublinha o deputado social-democrata Emídio Guerreiro, notando que as CDT foram criadas "como garantia da não liberalização das drogas", com "a preocupação social de tentar que os consumidores deixem de o ser". O problema já é conhecido desde há muito, mas tem-se agravado, diz, e o próprio actual director do IDT, em 2004, fez parte de uma comissão técnica para tentar resolver o problema.

O PSD apresentou em Fevereiro deste ano um projecto de lei que é ipsis verbis a proposta do grupo que Goulão incorporou.

O Partido Comunista também apresentou um projecto de lei, nota o deputado Bruno Dias. "Há muitos meses que andamos a alertar para o problema. O consumidor deixou de ser tratado como criminoso, mas o consumo não poder ser visto como algo irrelevante", afirma. Ambas as propostas foram chumbadas.

Maria Antónia Almeida Santos, que foi presidente da CDT de Lisboa e agora é deputada socialista, afirma que é preciso mudar a lei para agilizar o funcionamento das comissões. IDT não responde, um grupo de deputados do PS mandou algumas sugestões para o IDT, mas até agora nada, critica.

Os membros das CDT tinham comissões de serviço de três anos que não foram renovadas. Por este motivo, e pela desmotivação dos seus membros perante a indefinição, foram esvaziadas.A deputada defende que, com a actual situação, se pode estar a criar "uma ideia de impunidade" e de "desigualdade no tratamento", porque tudo depende da área geográfica em que a pessoa é apanhada a consumir e a comprar substâncias que vão da cannabis à heroína, da cocaína ao ecstasy.O que preocupa a deputada não é tanto a parte de punir os consumidores, porque esse não é o principal objectivo das comissões, mas a do encaminhamento para tratamento de toxicodependentes, que é umas competências das CDT.

Ana Trigo Rosa, responsável pelo Gabinete de Apoio à Dissuasão, no IDT, nota que algumas das seis comissões inoperantes ainda podem encaminhar para tratamento, se os consumidores aderirem voluntariamente; caso contrário "não têm mecanismos legais para actuar": não podem, por exemplo, impor coimas ou ordenar trabalho a favor da comunidade.A responsável do IDT reconhece que "a lei não está a vigorar em pleno", o que pode "levantar um certo sentimento de impunidade". Nota ainda que se "corre o risco de as autoridades mobilizarem os seus recursos para outras questões", algo que ainda não acontece: 42 por cento dos casos foram remetidos pela Polícia de Segurança Pública e 28 por cento pela Guarda Nacional Republicana.

Presidente do IDT critica comissões de dissuasão
Quando em 2001 o consumo de droga deixou de ser crime acenou-se com "uma série de papões", um deles era o de que "Portugal iria tornar-se no paraíso da droga", lembra o presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência, João Goulão. O que se percebeu pouco tempo depois da sua criação é que a rede de 18 comissões de dissuasão da toxicodependência (CDT), que aplica a lei, está "sobredimensionada, é onerosa, pesada e desproporcionada face à realidade", explica. Defende que a sua existência continua a fazer sentido como dispositivo "de prevenção dirigido a pessoas que ainda estão na fase de namoro com as drogas, para que invertam este processo que as pode levar à dependência". O responsável informa que nos primeiros dias de Janeiro vão apresentar uma proposta, que está de acordo com o que já foi proposto pelo PS. Pretendem que cada CDT passe a ter um decisor em vez de três, só em comissões com maior fluxo de processos, como Lisboa, defende que se mantenham os três membros. As CDT serão também enquadradas nas áreas de influência dos recém-criados 22 centros de resposta integrada (que incorporam os antigos centros de atendimento a toxicodependentes), diminuindo em membros mas aumentado em número.

Comentário: Esta noticia aparenta confirmar a tendência generalizada de se minimizar a importância da prevenção das toxicodependências nas crianças. Será que esta situação seria diferente se as crianças pudessem votar? Isto significaria que os políticos se debruçar-se-iam com maior responsabilidade sobre os problemas preocupantes que afectam as nossas crianças.
Sabemos a maioria dos jovens não consomem substancias mas, existe um grupo de jovens consumidores de drogas, incluindo o álcool, que são potenciais de desenvolverem dependência crónica e que se forem identificados e devidamente acompanhados pode ser possível inverter essa sua disposição para o comportamento de risco.


Mais uma vez, aproveito para reforçar a importância de os próprios pais, em conjunto com profissionais dedicados á causa (Prevenção das Toxicodependências) envolverem-se nesta missão de protegerem e ajudarem os seus filhos a tomarem decisões saudáveis e construtivas nas suas vidas. Não se pode estar á espera que os políticos deste nosso país consigam fazer um trabalho coerente, honesto, exigente e eficiente na área da Prevenção, Tratamento e Acompanhamento das Dependencias.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Prepare O Seu Filho Para Entrar Num Mundo Cheio de Drogas


"Já alguma vez sentiu uma dessas incríveis experiências paternas quando, por um instante, viu claramente quanta alegria, encanto e amor o seu filho trouxe à sua vida? Tive um desses instantes, anos atrás. Quando era estudante da Universidade da Carolina do Norte e o meu filho Danny tinha apenas quatro anos. Numa manhã de Inverno, acordei cedo para acabar um trabalho de fim de período antes do barulho do dia começar.
De repente, Danny saiu correr do quarto, gritando: “Neve! Neve!.” Olhei pela janela da cozinha e vi que o solo estava coberto por um manto espesso de neve fresca. As mãos de Danny tremiam ao tentar calçar as botas e vestir o casaco em cima do pijama. Estava corado e os seus olhos brilhavam. Lá fora, no alpendre, Charlie, o cão, sentiu a excitação e saltava no ar, tentando espreitar para dentro da janela da porta da cozinha. Finalmente, vestido, Danny precipitou-se lá para fora, tropeçou no Charlie e saltou do alpendre, com o cão nos calcanhares. Danny rindo e o Charlie a ladrar, correram pela neve acabada de cair.

Afastei o trabalho para o lado e fiquei sentado à mesa da cozinha, sozinho aquela hora da manhã, e observei o meu filho a brincar. Para ele, era o momento de pura e perfeita alegria. Para mim, era um momento perfeito como pai. Então atras de mim, o radio-despertador começou a funcionar, programado para tocar as sete da manhã. O noticiário dizia que uma capsula espacial tripulada iria entrar de novo na atmosfera terrestre naquela manhã.

Estávamos a meio da década de sessenta e os voos espaciais pilotados já eram considerados perigosos ao entrar em orbita, mas a entrada na atmosfera terrestre ainda causava um período de grande preocupação. Durante este período, os astronautas tinham de sair da segurança em orbita e atravessar um espaço durante o qual não conseguiam comunicar com a terra e os riscos aumentavam.

Enquanto observava Dannny e ouvia a radio, senti um medo vago e frio subir dentro de mim. Depois, Danny riu outra vez e desapareceu da minha vista. Sabia o que me causara medo; vira, algures no meu espirito, a comparação entre Danny e os astronautas prestes a entrar na atmosfera terrestre.

Naquele momento, ele estava lá fora, correndo em círculos no pequeno e seguro jardim das traseiras. Estava em comunicação directa com a família. Estava em orbita, às voltas. São e salvo. Mas também ele, como os astronautas, teria em breve de entrar no mundo. A escola, o desporto, novos amigos e novas coisas a fazer tirá-lo-iam da segurança da sua orbita familiar. Também ele, teria de passar por um período perigoso e sem comunicação. E um dos maiores riscos que o meu filho teria de enfrentar seria a droga. Isso eu sabia, mas pouco mais do que isso. Não fazia a ideia de como o ajudar a preparar-se para isso.

Esta consciência que interrompera e terminara o meu momento perfeito como pai, dera-me uma visão apenas dos ricos que o meu filho teria de enfrentar, e não o que fazer em relação a esses riscos. Só anos mais tarde, depois de Danny ter entrado no mundo e se envolver com drogas, tomei conhecimento das coisas que os pais podem fazer para dar aos seus filhos o saber, a capacidade e a força de que precisam para entrar num mundo cheio de drogas e poderem ultrapassa-lo. Seguem-se quatro amaneiras de ajudar o seu filho durante o tempo em que entra na mundo.

Fale com o seu filho sobre a influencia das drogasFaça com que os seus filhos conheçam todas as influencias das drogas. Diga-lhes que os espera. Use a lista de influencias para dizer ao seus filho o que os outros jovens dirão sobre a droga e a sua utilização. Temos de dizer aos nossos filhos – antes de outros adolescentes lhes dizerem – que o álcool e as drogas podem faze-los sentirem-se bem temporariamente. Temos de permitir que os nossos filhos saibam – antecipadamente – que alguns dos seus amigos irão usar drogas e pressiona-los a usa-las também. Se os nosso filhos souberem o que os espera, isso ajudá-los-á a fazerem planos e a prepararem-se.

Ouça o seu filho
È importante conversar com os nossos filhos sobre o álcool e outras drogas. Mas também precisamos de os ouvir.
Faça algumas perguntas para que eles se abram:
- O que é que pensas das drogas?
- O que mais te preocupa?
- O que estas a aprender sobre a droga?
- Há drogas na tua escola?
Depois ouça. Não debata nem discuta. Ouça apenas.

Ajude o seu filho a preparar-se para dizer «não» às drogas.
Podemos ajudar os nossos filhos a prepararem-se para dizer «não» às drogas, fazendo uma espécie de jogo. Nós assumimos o papel de um amigo ou de outra pessoa qualquer que lhes oferece álcool ou drogas, e deixamos que os nossos filhos se treinem connosco a dizer «não».
Também podemos ajudar os nossos filhos a prepararem-se para se livrarem de situações de consumo de drogas, ajudando-os a planear desculpas para sair dessa situação. Diga-lhes que qualquer desculpa serve, e que esta será confirmada por si. Eles podem dizer, por exemplo, que têm de ir ao dentista, ou que estão á espera deles em casa para limpar a garagem. Diga-lhes para dizer tudo o que for necessário e depois que lhe telefonem. Diga-lhes que irá busca-los a qualquer sitio, em qualquer altura.

Dê amor e apoio
Dizer «não» ás drogas pode fazer com que os adolescentes se sintam perdidos e infelizes. Os velhos amigos vão-se embora, e é difícil arranjar outros. Por vezes, dizer «não» pode causar solidão.
Durante estes momentos dolorosos, o amor e o apoio em casa pode tornar-se vital. Não minimize nem negue a dor do seu filho; dê-lhe apoio, dizendo: “ Eu sei que esta é uma altura difícil para ti. Sei que estás magoado. Quero que saibas que eu apoio a tua decisão de não ingerires drogas, e que gosto muito de ti.”

O amor é muito importante para ajudar os seus filhos a dizerem «não». Infelizmente, quando os adolescentes se envolvem com as drogas, o amor não conquista tudo. Por toda a América do Norte, há milhares de pais cheios de amor que podem dizer isto por experiência própria. Os pais também precisam de ser firmes."

“Os Nossos Filhos Livres da Droga” William Mack Perkins e Nancy Mcmurtie-Perkins


Comentário: Na minha opinião faz imenso sentido um pai/mãe ou pessoa significativa partilhar as suas experiência de sucessos e falhanços em relação à educação dos seus filhos. “Estamos todos no mesmo barco”. Revela o nosso lado humano (todos cometemos erros na educação dos nosso filhos e não somos pais perfeitos, isso não existe. Como não existem filhos perfeitos). Por outro lado, podemos sempre aprender com os erros dos outros e assim criar sinergias duradouras e saudáveis .Tal como este pai, podemos investir na prevenção. È um erro pensarmos que o nosso filho/a estará sempre em segurança (debaixo da alçada da família) em relação ao riscos de exposição e ou consumos de drogas. Hoje em dia as drogas, incluindo o álcool, encontram disponíveis em locais e pessoas que nunca imaginaríamos ser possível. Se não falarmos com sobre este assunto com os nosso filhos alguém poderá faze-lo, mais tarde, com o risco de a fonte dessa informação ser incorrecta, duvidosa e ou confusa.


[1] Algumas razões pelas quais nossos os jovens se envolvem nas drogas: “Todos os meus amigos bebem”; “Não pensei que me acontecesse a mim ter um problema com drogas”; “As pessoas que mais admiro bebem e tomam drogas”; “È proibido e perigoso” ;Televisão, cinema e musica; “Queria ser alguém”; “Está na moda ”; “È ser diferente

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Algumas Receitas Para Fazer do Vosso Filho Um Toxicodependente



Adaptação de texto de Stanislaw Tomkiewitz e Joe Finder in " Adaptar, marginalizar ou deixar crescer", pg. 103-113, A Regra do Jogo, Lisboa, 1980


1. Na vossa família não há cromossomas ou genes da Toxicodependência - até porque "isso só acontece aos outros!" Portanto há que meter mãos à obra o mais cedo possível. A destruição da alegria de viver pode começar antes da criança nascer – assim, concebam a criança sem a desejar. E durante a gravidez repitam, pelo menos cinco vezes ao dia, que a criança irá estragar a vossa vida, destruirá a harmonia conjugal, impedirá a ida à discoteca ou ao cinema, "Que chatice, desarruma a sala". " E as mamas, que horror, ficarão todas moles, amamentar nunca. E a barriga, as pernas, as estrias ... e a celulite!!!" Mas não se pense em aborto – primeiro porque é pecado!; depois porque, de qualquer maneira, ele será recusado!

2. Se não conseguires fazer isto, então fazei exactamente o contrário: desejai-o, desejai-o muito, só para vós, para que ele realize os vossos desejos, que compense todas as vossas frustrações, para que ele venha a ser aquilo que vocês não conseguiram ser. Mas, cuidado, mais tarde, quando ele já perceber, digam-lhe que ele não vale nada, mostrai-lhe a vossa decepção! Ele, que foi idealizado louro e de olhos verdes, afinal veio moreno e de olhos castanhos, tão vulgar que foi um erro esperar o seu nascimento com impaciência. Diga-lhe que ele não vale nada - que ele no futuro não valerá grande coisa!

3. Se a mãe começar a fraquejar e a querer o filho, aí o pai pode ser importante: ou maldiz repetidamente a sua sorte ou, melhor ainda, põe-se a milhas - assim o puto não terá a figura paterna de referência.

4. Se a vossa afectividade for demasiado equilibrada, esta preparação pré-natal não é fácil de conseguir. Não desespere, ainda vai a tempo.Conforme sabes, a criança tem uma necessidade imperiosa de segurança e contacto físico. Deixa-o gritar dia e noite! Para ele ter a certeza de que vocês não o amam, deixai-o sozinho no berço, fechai-o à chave no quarto. Ele vai gritar até não poder mais, julgará que foi abandonado (sensação que será bom que se repita muitas outras vezes), terá pesadelos, cólicas, doenças psicossomáticas.Mas quem tiver medo da reacção dos vizinhos, há ainda alternativas: nunca toquem na criança, a não ser para lhe assegurar o mínimo vital dos cuidados materiais. Sobretudo não a abracem, não a afaguem, não lhe falem com voz meiga, não lhe sorriam - nem ao domingo!

5. Se não forem capazes de respeitar estes conselhos, nem ser ou parecer indiferentes; se também não conseguirem sufocar, asfixiar a criança com o vosso amor excessivo e exclusivo, corres o risco de falhar na tarefa. Neste caso, entreguem-no a uma ama, mandem-no para um internato - com uma condição: mudem de ama de 2 em 2 meses ou de internato 2 vezes por ano, para ele nunca se ligar afectivamente a ninguém!

6. Entretanto o bébé cresceu. Se apesar de tudo ele ainda não é hipernervoso, agitado, um eterno insatisfeito, um descontente infeliz - aproveitem a aprendizagem da higiene física para recuperar o tempo perdido. Para ele aprender a pedir chichi e cócó há que meter-lhe medo e aterrorizá-lo, ameaçá-lo. Se não são capazes, ralhem-lhe e obriguem-no a limpar o chichi do chão, a cheirar o cócó. E, se por infelicidade, ele um dia pede que o ponham a fazer cócó, não o recompensem, nem com uma festinha, permanecei frios - e castigai-o de cada vez que mijar a cama! Se recusares os castigos corporais, basta permanecer silencioso, indiferente; calem-se, faça ou não faça chichi na cama ou nas cuecas. Não converse, nunca converse com o seu filho! Isto é óptimo! A criança fará cada vez mais asneiras para atrair a vossa atenção, para obter uma palavra ou mesmo uma palmada no rabo.E perante um chichi na cama que nunca mais acaba, pode recorrer à farmácia para comprar um "controlador de urina", daqueles que acordam a criança em sobressalto ao toque de uma campainha (modelo "comandos") ou de preferência daqueles que dão choques eléctricos (modelo "pide" ). Não esquecer ainda o recurso a alguns médicos, para o miúdo começar já a tomar medicamentos desnecessários!

7. Mais tarde, naquela fase em que os rapazinhos verdadeiramente se apaixonam pela mãe e as meninas pelo pai - não há nada melhor do que mostrar ciúme pela relação dos outros dois, e dizer à criança que é uma vergonha, um nojo, o modo como ela procura o colo do pai ou da mãe, é feio a menina querer estar na cama ao domingo de manhã a fazer miminhos ao pai. Isso nunca, na cama?! Essas "atitudes viciosas" deverão ser explicadas aos filhos – " é pecado!" É que poderão, por castigo de um Deus punitivo, ficar surdos, loucos, ou as duas coisas. E aos putos, o melhor é dizer-lhes que se continua a brincar com a pila terão que lha cortar - é garantido que, pelo menos, se arrisca a ficar ou impotente ou neurótico.

8. No caso das mães, deverão elas dizer aos filhos: " não prestas, és igual ao teu pai", ou "se soubesse que saías ao teu pai, melhor seria não teres nascido". Se for pai, dizer às filhas que "vais ser tão galdéria como a tua mãe" ou "não estudes não, se não acabas como a tua mãe, que não sabe nada de nada, só serve para fazer a comida e lavar a roupa – e mesmo assim, mal!"

9. Se for pai e tiver um emprego que o obrigue a estar períodos fora de casa (militar, pescador, viajante,...) é óptimo, sobretudo porque não tem que aturar os filhos. E quando estiver de folga, passe o menos tempo possível em casa. Saia, beba uns copos com os amigos "que a vida não é só trabalho!" E quando chegar a casa, de preferência com os copos, exerça a autoridade que não pode exercer no dia-a-dia: uns berros para se saber quem manda, umas palmadas na mulher para não dar à língua com as vizinhas, um bofetão no mais velho para ele aprender a não lhe tirar uns trocos da carteira; mas dê uma nota ao puto mais novo para ele comprar uns esticas ou uns gelados.

10. Nunca saia com os filhos! Fartos da rua já eles estão! Nunca vão ao Jardim Zoológico, ou ao oceanário! Não lhes dê oportunidade de eles aprenderem mais do que precisam! E "para ver papagaios basta a tia Alzira ", e "focas? - a tua mãe não chega? "

11. Quando muito leve-o ao futebol - mas com uma condição: para ele poder aprender a insultar o árbitro (sobretudo a mãe do árbitro). É a maneira mais fácil de se aprender a não respeitar qualquer autoridade, e a mais cómoda, porque não é fácil chamar nomes ao polícia, ao patrão ou ao professor do puto! E tem outra vantagem: um insulto da bancada é anónimo, não é responsável, é cobarde. E assim o puto também aprende a não ser responsável pelas afirmações que faz; aprende a dizer o que todos dizem e a não dizer o que ele próprio pensa.

12. A sociedade hoje valoriza o Êxito - o que é ter êxito? É ter muitas coisas! Entre ser e ter - o privilégio vai para o ter! Não importa como - o importante é ter! Carros, casas, roupas (de marca, claro) - ter até dívidas!Então o melhor é começar de pequenino. O quarto da criança deverá ser transformado numa loja de brinquedos (na competição com a vizinha do 3º direito, "a nossa filha tem mais! ") - todos os modelos da Barbie, das primas da Barbie, e do Ken! Pelo menos dez dinossauros diferentes; Heyman, Super-Homem, Super-Mulher, monstros e jogos de computador! Muitos, todos! Tudo! São só vantagens! A criança aprende a tudo ter, a tudo querer. Aprende a não lutar pelas coisas que lhe vão encher a vida - já tem o seu quarto cheio! Aprende a ter um sentido de posse que na escola e na vida se manifesta pelo individualismo e pela falta de espírito solidário. E depois, se passar uma tarde sozinho frente ao computador, naquele jogo repetitivo e sem criatividade nenhuma, ao menos não aprende coisas feias com os putos do bairro, não aprende a viver em grupo, porque "todos sabemos o que eles aprendem uns com os outros".E depois, pensando bem, é mais fácil comprar o amor dos nossos filhos do que perder tempo com eles. E sempre se pode dizer "sempre lhe dei tudo! nunca lhe faltou nada!"

13. A vida está difícil! É a crise! E faz algum mal sonhar? Não é mais fácil viver os problemas dos outros do que enfrentar os nossos? Ora digam lá: há falta de médicos de família nos Centros de Saúde, as escolas não têm ginásio, arranjar emprego "é que era bom" - mas afinal o Clinton e a Mónica? E o Príncipe Carlos sempre casa ou não com a Camila? O Santana Lopes faz as pazes com o João Baião? Há que consumir passivamente, sem saber interpretar as mensagens que a TV dá. Sobretudo habituar os putos a consumir TV.

14. Ah! É verdade! Estão proibidos de ir falar com os professores, ou directores de turma, de ir às reuniões da Associação de Pais! E muito menos de mostrar qualquer interesse pela evolução dos vossos filhos. Para isso há explicadores - paga-se e pronto! E depois a culpa até nem é nossa - os professores não ensinam, os explicadores não explicam, os putos não aprendem! E sempre se pode dizer: "Eu fiz tudo o que podia! Nunca lhe faltou nada! "

15. Importante é também preencher todo o tempo dos vossos filhos: entre a explicação de Física e a de Matemática tem a aula de bailado ("é pé de gesso, não gosta, mas a filha da D.Elisinha também é e lá anda!"); depois do treino da natação, "coitadinho está tão cansado que janta a dormir, levanta-se para ir para a cama ". Por favor, não lhe dêem tempo para pensar, para sonhar no que ele "quer ser quando for grande" - até porque os pais já decidiram que ele vai ser ou médico ou piloto da TAP - e se não for a culpa é dele, porque vocês fizeram tudo por ele.

16. Já maiorzitos, nunca lhes digam que eles são bonitos e bem feitos - que as borbulhas da cara são naturalmente o reflexo da puberdade que está aí. Acentuem os traços menos belos - o ser gordo, o ser lingrinhas, "tem as pernas tortas ", "é mamuda e de rabo grande, tal qual a Tia".

17. A comida - desde pequenino há que habituá-los a comer a quantidade que nós quisermos - "ele não tem querer!". Estareis realizados no dia em que ele afirmar, definitivamente, que não gosta de leite, que a sopa é comida de pobre - e o empanturrares de bolicaus, sorvetes, chupas e esticas. "Quando eu era pequenina", dizia uma senhora, "queria um chocolate e só o via de ano a ano, porque os meus pais não mo podiam dar - agora que posso, não há-de faltar nada ao meu filho!"

18. Diante do vosso filho sorriam às visitas - mas assim que elas saírem, fartai-vos de dizer mal delas, para os miúdos saberem o que é ser hipócrita.E se eles mentirem - castigos.E se eles perguntarem - silêncio, ou melhor, digam que as perguntas são idiotas!

19. Uma doença do filho, pode ser um bênção - não o animem. Exprimam as vossas inquietudes - e chamem um médico daqueles que não falam nem com os adultos. Para saber do médico o que se passa, saiam da sala para que o vosso filho compreenda que não tem nada que saber o que se passa com o seu próprio corpo. E ficará perfeitamente confundido - até pode acontecer que volte a fazer chichi na cama. Nesse caso, é obrigatório fazê-lo sentir desvalorizado, culpabilizado, amesquinhado.

20. Chega a adolescência! Sair com jovens do mesmo sexo - " parece maricas!" Sair com jovens do outro sexo - " Não! E a Sida? E as hepatites?" Masturba-se? Que hábito feio! E as doenças que isso causa? Além do mais é pecado! "Qualquer dia peço ao Dr. Álvaro que te mande internar na casa dos malucos!"

21. Outras receitas – muitas!- Faça de conta que não sabe que ele já começou a fumar uns cigarritos aos 9 anos – que diabo, há que ser tolerante!- Partiu a antena do carro do vizinho, roubou o emblema do carro da Professora de matemática, rebentou a pontapé as papeleiras lá ao pé de casa – "O que é que se há-de fazer? São as más companhias!"- Faça de conta que não sabe que o seu filho falta à escola e anda na vadiagem – e diga "não posso andar sempre atrás dele!"- E se um dia uma vizinha, cheia de boas intenções, lhe vier dizer que soube pelo filho dela que o seu filho já experimentou um " charrito" aos 11 anos – nada de conversas (isso nunca, em circunstância alguma!), uma boa carga de pancada ao mesmo tempo que lhe chama drogado, e no outro dia arraste-o consigo ao CAT, porque é lá que estão os "Doutores que tratam essas coisas, eu não percebo nada disso! E até é melhor que o pai não saiba nada!"

Como não foi amado - não pode amar.
Como não foi valorizado - não se estima a si próprio.
Como não foi ouvido - não comunica.
Porque lhe falta isto, e muito mais - precisa duma prótese - que lhe permita ser – SER ALGUMA COISA. Essa prótese pode chamar-se DROGA.ASSIM JÁ É! JÁ CONSEGUE SER!

"O meu Professor de Pediatria dizia que "sempre que falamos de crianças, acabamos a acusar os pais". Em Toxicodependência tem-se a tentação de " acusar a família". O que pode ser, e muitas vezes é, o resultado de se estar a viver num mundo cheio de "armadilhas ", que é o mundo das drogas.É que é armadilha grave fazer crer que é apenas da responsabilidade dos pais aquilo de que eles são, às vezes, apenas vítimas. Repito o que no início disse: a prevenção do uso de drogas é responsabilidade de todos. Se o fenómeno droga deslustra a sociedade em que vivemos - a responsabilidade é de cada um de nós, dos que apenas criticam e dos que se alheiam, dos que votam e dos que se abstêm, dos que têm o dever de governar e dos que têm apenas o dever ético de tentarem ser felizes - até dos que, pensando em liberalizações, pensam ensinar as pessoas a viver facultando-lhes meios de encontrar a morte. "

(1) Relatório da Comissão para a Estratégia Nacional de Combate à Droga, 1998

Comentário: A ironia surge, aqui, apenas como forma de dar realce à seriedade do que está em causa.















quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Portugal foi um dos países com maior numero de mortes por abuso de drogas


Relatório anual de observatório europeu divulgado em 21.11.2007

Portugal foi um dos países da UE com maior número de mortes por consumo de drogas em 2005.

O Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência divulga hoje em Bruxelas o seu relatório de 2007 sobre o problema da droga na União Europeia (UE). Portugal surge como um dos países com maior número de mortes por consumo de drogas em 2005 e o país com a maior incidência de Sida e VIH entre os Consumidores de Droga Injectável.No relatório sobre a Evolução do Fenómeno da Droga na Europa, Portugal é citado também por aspectos positivos. Entre eles está o facto de pertencer ao grupo de países com boas práticas na fiscalização da condução sob efeito de drogas e por ter centros de tratamento de toxicodependência destinados especificamente a jovens. Este ano, o relatório anual sobre a Evolução do Fenómeno da Droga na Europa contém dados dos 27 Estados-Membros da UE, da Noruega e da Turquia. Capítulos individuais dedicados a drogas específicas revelam a situação europeia no que toca à prevalência e padrões de consumo, oferta e disponibilidade, tratamento e outras intervenções, sendo complementados por análises relativas a tendências novas e emergentes no consumo de drogas; políticas e legislações; resposta aos problemas de consumo de droga; doenças infecto-contagiosas e mortes relacionadas com o consumo de droga. O relatório estará disponível em 23 línguas (21 da UE, norueguês e turco) e será acompanhado por três documentos em inglês dedicados a temas específicos: "Drogas e a condução", "Consumo de drogas entre os menores de 15 anos e problemas associados" e o "Impacto do consumo de cocaína e cocaína crack (fumável) na saúde pública". A agência europeia lançará, em simultâneo, o seu Boletim Estatístico de 2007, disponibilizado na Internet, que apresenta cerca de 400 quadros e gráficos estatísticos, apoiando grande parte das análises incluídas no relatório deste ano. Os perfis de dados nacionais completarão o relatório, fornecendo um resumo gráfico dos aspectos-chave da situação do fenómeno da droga a nível nacional.


Comentário: Infelizmente, ainda se continua a morrer, como demonstra o relatório onde Portugal aparece como um dos países da EU onde se verifica mais óbitos por causa directa do abuso de drogas. Preocupa-me saber que alguns jovens iniciam o abuso de drogas, incluindo do bebidas alcoólicas, podendo no futuro fazer parte destas estatísticos devastadoras. Bem sei que é impossível travar esta realidade dura e cruel. Apesar das evidencias procuro centrar-me na forma como posso reduzir (medidas de prevenção) o numero de vidas humanas neste flagelo que afecta a nossa comunidade e a sociedade.


È com pesar que recordo amigos que “partiram” (Rogério 23 anos, Tó Mané 30 anos, Agostinho 24 anos, Fonseca 26 anos, Victor 23 anos, José 24 anos, Perre 23 anos, Ruca 33 anos, etc) como consequência (doença) do abuso de drogas e bebidas alcoólicas. Neste sentido, gostaria de deixar aqui uma mensagem de pesar e saudade a estes amigos e também a todos aqueles que já “partiram”, sem excepção, e deixar uma mensagem de solidariedade às famílias. Para os familiares, profissionais dedicados e aos verdadeiros amigos assistir impotente à destruição de um ente querido e no fim à morte é um processo profundamente doloroso e angustiante. Quem passou por isso sabe como é (sentimentos de revolta e dôr, culpa e vergonha, raiva e ressentimento, isolamento e angustia, etc.) . Para aqueles que continuam envolvidos nesta area especifica (profissionais, familas e todos os interessados) é importante que estejamos todos dentro do mesmo "barco".


Na minha opinião, nao existe guerra contra a droga, porque enquanto houver pessoas a morrer perdemos a batalha, acredito na existencia de pessoas (poder do grupo) validas, corajosas, com espirito de abnegação, determinadas e inspiradas, no dia-a-dia, em recuperar as suas vidas e a vida dos outros. "Mais Vale Prevenir Do Que Remediar". Depois da morte ja não ha nada para remediar... Sofrem os que cá ficam.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Quando e Como Se Inicia o Abuso de Drogas


"Estudos anunciados pelo National Survey on Drug Use and Health, designado formalmente pelo National Household Survey on Drug Abuse, descrito pelo Substance Abuse and Menthal Health Services Administration advertem que actualmente algumas crianças iniciam os seus consumos de drogas entre os 12 e 13 anos de idade, enquanto outros iniciam os consumos ainda mais cedo.

O consumo prematuro envolve substancias tais como; tabaco, bebidas alcoólicas, inalantes1, canabinoides (haxixe e erva) e drogas licitas. Se o abuso de drogas persistir ate finais da adolescência, os jovens envolvem-se em consumos de haxixe, e mais tarde, em drogas ilegais, mantendo os consumos de tabaco e álcool. Estudos revelam que o abuso prematuro de drogas encontra-se associado a um maior envolvimento em vários tipos distintos de drogas, quer seja com as mesmas drogas ou outras diferentes. De qualquer maneira, estudos efectuados ao longo do tempo indicam que os jovens não progridem nos consumos de drogas diferentes. Mas entre aqueles que se envolvem progressivamente no abuso de drogas, o seu historial de abuso varia, entre a oferta de drogas na vizinhança, aspectos demográficos e outras características. Em geral, os padrões de abuso estão associados a comportamentos reprováveis sociavelmente, percepção do risco e a oferta de drogas na área de residência.

Cientistas lançaram varias hipóteses acerca do porquê sobre as pessoas que primeiro se envolvem com drogas e só depois o abuso se intensifica. Uma das explicações mais plausíveis tem a ver com causas biológicas, tais como ter familiares com historial de abuso de drogas e/ou álcool, que poderá haver uma predisposição genética para o abuso de drogas. Outra explicação para o abuso de drogas tem a ver com a associação a um grupo de pares que abusem de drogas que por sua vez coloca o indivíduo mais exposto a outro tipo de drogas diferentes. De qualquer maneira muitos outros factores podem estar relacionados.

Foram identificados diferentes padrões na iniciação de drogas baseados no género, raça, grupos étnicos e zonas geográficas. Por ex. os investigadores descobriram que as circunstancias onde são oferecidas drogas aos jovens podem depender de factores relacionados com o género. Geralmente, os rapazes são mais sujeitos a ofertas de drogas e em idades prematuras. (demasiado cedo nas suas vidas). O inicio do abuso de drogas podes ser influenciado nos locais onde as drogas são oferecidas, por ex., na rua , em parques, escolas, casa ou festas. Admite-se também que as drogas podem ser oferecidas por irmãos, amigos pelos próprios pais.
Enquanto maioria dos jovens não progridem nos consumos de drogas para além dos consumos esporádicos, outros rapidamente intensificam o abuso de drogas. Os investigadores descobriram que estes jovens têm maiores probabilidades de conseguir uma combinação de factores elevados de risco e reduzidos factores de protecção. Estes adolescentes são caracterizados por jovens com elevados níveis de stress, reduzido apoio parental e baixo rendimento escolar.

Contudo, existem factores de protecção que conseguem suprimir a progressão intensificada do abuso de drogas. Por ex. autocontrole, que inibe o comportamento problemático e que naturalmente promove a maturidade necessária durante a adolescência. Agregando, uma estrutura familiar protectora, uma personalidade individual e variáveis do ambiente reduzem os riscos de abuso de drogas. Intervenções protectoras fornecem habilidades e competências aos jovens de risco de forma a desenvolverem factores de protecção e a prevenir a intensificação do abuso de drogas."

1 Inalante designa toda a substância passível de ser inalada, isto é, introduzida no organismo através da aspiração pelo nariz ou boca. Os inalantes são geralmente solventes. Estes são substâncias que têm a capacidade de dissolver outro produto e costumam ser bastante voláteis (evaporam-se com facilidade, daí a facilidade da sua inalação) e inflamáveis. Existem diversas substâncias que podem ser inaladas. As mais usuais são produtos químicos de uso doméstico como aerossóis, gasolina, colas, esmaltes, tintas, vernizes, acetonas, éter ou ambientadores.


National Institute on Drug Abuse (NIDA) – Prevenir o Uso de Drogas entre Crianças e Adolescentes

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Pais Prevenidos



"Como é do senso comum, pais informados e actualizados ao nível da prevenção são indiscutivelmente uma fonte de poder muito valioso. Na posse de informação sobre factos, relacionados com o uso de bebidas alcoólicas pelas crianças, pode-se fazer prevenção na família.
Eis algumas questões importantes a serem contempladas pelos pais:

* Consumir bebidas alcoólicas no período da pre-adolescencia constitui um serio problema.

* Sinais de perigo ajudam os pais a identificar um potencial problema.

* Pais activos na prevenção fazem a diferença nas vidas dos seus filhos hoje e no futuro.

O álcool causa um impacto negativo na saúde das crianças. O álcool afecta alguns órgãos do corpo humano incluindo o desenvolvimento do cérebro da criança. Tem impacto na coordenação motora, no controle de impulsos, na memória e no discernimento. Para além do impacto negativo na saúde o consumo de álcool também está relacionado com a violência, comportamentos de risco relacionado com o sexo, reduzido rendimento escolar, acidentes de viação relacionados com a ingestão de bebidas alcoólicas e outros tipos de comportamento de risco e problemático entre os jovens (ex. consumo de drogas psico-activas geradoras de dependência, e perturbações mentais). O uso do álcool também se encontra relacionado com acidentes fatais, ex. suicídio. O álcool é a droga de escolha de eleição (numero 1) para as crianças e adolescentes.

Os números contam?
Podemos constatar a seriedade deste facto através de alguns números de estatísticas:
* As crianças que iniciam os consumos de álcool antes dos 15 anos, correm 5 vezes mais risco de poderem desenvolver um problema de abuso de álcool na idade adulta do aqueles que só consomem depois dos 21 anos de idade. Paradoxalmente, Portugal é o único pais da EU onde a idade limite de consumo de bebidas é de 16 anos e o sexto maior consumidor de bebidas alcoólicas da UE, com 12 litros per capita por ano. Enquanto em quase todos os países a idade é de 18 anos e na Suécia e Islândia é 20 anos.

* Quase todos os estudantes de 15-16 anos (>90%) beberam álcool em algum momento da sua vida, começando em média aos 12 ½ anos de idade, e embriagando-se pela primeira vez aos 14 anos. A quantidade média bebida numa única ocasião por jovens de 15-16 anos é acima de 60g de álcool, e chega a quase 40g no Sul da Europa. Mais de 1 em 8 (13%) dos jovens entre 15-16 anos embriagaram-se mais de 20 vezes na sua vida, e mais de 1 em 6 (18%) fizeram “binge” (5 ou mais bebidas numa única ocasião) três ou mais vezes no último mês. Os rapazes continuam a beber mais e a embriagar-se mais frequentemente do que as raparigas, com uma redução pequena na diferença absoluta entre eles. A maior parte dos países mostram uma subida no “binge-drinking” para os rapazes desde 1995/9 a 2003, e quase todos os países mostram isto para as raparigas (resultados semelhantes são encontrados para países sem pesquisa ESPAD e usando outros dados). Por detrás desta tendência global, podemos ver uma subida no “binge-drinking” e na embriaguez na maioria da UE de 1995 a1999, seguidos por uma tendência muito mais ambivalente desde então (1999-2003).

* Portugal é um dos países onde aumentou o consumo excessivo de bebidas - chamado binge drinking, o que geralmente é medido pela ingestão de cinco ou mais bebidas alcoólicas em um dia, o que pode levar à embriaguez ou à intoxicação."Há cada vez mais relatos do uso do álcool entre os jovens em países que não estavam habituados a este problema. Tal inclui o aumento do beber exageradamente em Portugal ou do consumo fora das refeições em Itália".

Sinais de perigo ajudam os pais a identificar um potencial problema
Certo tipo de comportamento pode indiciar um problema relacionado com o álcool, especialmente se for imprevisto e/ou parecer grave. A preocupação parental deve ser ainda maior se surgirem, ao mesmo tempo, vários sinais de perigo.
Sinais a estar atento:

* Mudanças repentinas

* Lapsos de memória

* Problemas de concentração

* Alterações de comportamento
* Problemas na escola

* Absentismo e baixo rendimento escolar (ex. notas baixas e acções disciplinares)

* Rebelião contra as regras de casa e família.

* Alteração do ciclo de amigos , revelando relutância quando convidado a apresentar aos pais esses novos amigos.

* Aparência física desleixada

* Perda de interesse em actividades criativas

* Alterações emocionais
* Alteração do humor repentinas

* Reacções violentas, irritabilidade e atitudes defensivas

*Atitude “nada interessa...”

*Alterações físicas
*Perda de energia

*Olhos exagradamente "vermelhos"

*Falta de coordenação

* Discurso vago

Os pais implementam um plano de acção
Infelizmente, as crianças são constantemente “bombardeadas” por publicidade que estimula o consumo de bebidas alcoólicas. Também pode acontecer sofrerem alguma pressão por parte do grupo de pares para que consumam álcool. De qualquer forma, tanto o pai ou mãe e/ou ambos influenciam seguramente as decisões e escolhas que os filhos fazem nas suas vidas.

Faça alguma coisa:
Se descobrir garrafas que contenham álcool no quarto e/ou no caixote do lixo ou que ele cheire a álcool, não ignore estes sinais.

A melhor ferramenta para trabalhar na prevenção com o seu filho é através da comunicação. Eis uma lista de procedimentos que os pais podem ter:
- Informar-se acerca dos danos provocados (mente, corpo e as emoções) pelo uso de bebidas alcoólicas nas crianças.

- Comece a comunicar, o mais cedo e frequentemente possível com o seu filho/a. Explique quais são as suas expectativas quanto ao consumo de alcoólicas (ex. festas onde bebidas alcoólicas estão disponíveis)

- Envolve-se nas actividades dos seus filhos/as. Encoraje o seu filho/a a participar em, actividades divertidas, que promovam competências saudáveis e que sejam isentas de bebidas alcoólicas.

- Seja um bom “modelo”. Pense que tipo de comportamentos a adoptar em frente ao seu filho.
Encoraje o seu filho/a a fazer amizades e como estabelecer relacionamentos positivos.

Definir a regra – não achincalhar ninguém que tenha bebido álcool. Informe-os de entrarem em contacto consigo se um dia se virem numa situação dessas (por ex. sob o efeito do álcool) e estará disponível para os ir buscar ou providenciar uma forma segura de chegarem a casa.

Relembre as regras da família e as consequências se forem quebradas.

Lembre-se, quanto mais cedo tiver conversas construtivas com o seu filho /a sobre os consumos de bebidas alcoólicas, poderá ser uma influencia positiva nos valores e decisões deles. Conversas breves e regulares são mais produtivas do que longos sermões e “palestras”. E relembre-os de quanto orgulhoso, como pai, se sente pelas decisões dos seus filhos/as."
National Institute on Drug Abuse (NIDA) – Prevenir o Uso de Drogas entre Crianças e Adolescentes




sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Quais os Periodos de Maior Risco de Abuso de Drogas Entre os Jovens



A investigação revela que os períodos de maior risco de abuso de drogas ocorrem durante a transição das fases mais significativas da vida das crianças. A fase de transição do desenvolvimento, alterações físicas (por ex. puberdade), ou em contextos sociais (ex. processo de divorcio dos pais), onde as crianças estão sujeitas a uma exposição intensa por problemas comportamentais.

A primeira grande transição ocorre quando deixam a segurança do lar e iniciam a escola. Mais tarde, quando deixam o ciclo e passam para o ensino secundário, cruzam-se com experiências diferentes em termos do seu desempenho escolar e em eventos sociais mais complexos; aprendem a relacionar-se com um grupo mais vasto de pares e desenvolvem expectativas pelas suas carreiras escolares. È nesta fase, no inicio da adolescência, onde é mais provável, pela primeira vez nas suas vidas, terem contactos com as drogas. Entretanto entram no ensino universitário, onde encontram novos desafios a nível social, psicológico e educacional. Ao mesmo tempo podem ficar expostos à disponibilidade elevada de drogas, a pessoas que abusem de drogas e envolvimento em contextos sociais onde se consumam drogas. Estes desafios podem aumentar o risco de abusarem de álcool, tabaco e/ou outras drogas.

No final da adolescência, uma situação particularmente arriscada, quando os jovens saem de casa de forma a ingressar na universidade, sem a supervisão parental. O abuso de substancias, particularmente do álcool, permanece como uma problema de domínio publico, designadamente para os adolescentes.

Mais uma vez, os jovens adultos são confrontados por novos desafios e stress que podem conduzir a uma maior vulnerabilidade e risco em relação ao abuso de álcool e ou outras drogas quando os começam a trabalhar ou se casam. Todavia, estes desafios também podem revelar-se protectores quando são interpretados e encarados como oportunidades para crescer e reforçar os seus objectivos e interesses futuros . A investigação revela que estes novos estilos de vida quando adoptados como factores de protecção proporcionam um papel e uma experiência de vida mais valida e significativa do que abusar de drogas.

O factor risco aparece em todas as fases de transição; desde criança até á fase adulta. Entretanto os intervenientes na prevenção necessitam de avaliarem os seus objectivos-alvo (target audiences) e implementarem programas que promovam o apoio apropriado a cada fase de desenvolvimento da criança. Também é necessário avaliar como se podem detectar e reforçar os factores de protecção nas diferentes fases de transição do desenvolvimento."
National Institute on Drug Abuse (NIDA) – Prevenir o Uso de Drogas entre Crianças e Adolescentes

sábado, 27 de outubro de 2007

Quais os primeiros sinais de risco relacionados com o abuso de drogas?



“Alguns comportamentos de risco podem ser observados nas crianças. Traços de personalidade e/ou temperamento podem contribuir para comportamentos de risco relacionado com o abuso de drogas. Rapazes agressivos exibem comportamentos problemáticos com as suas famílias, com grupo de pares e relações com outras pessoas. Existem fortes probabilidades, se o comportamento problemático persistir nas suas vidas, de se envolverem em situações de risco. Por ex. falhanço no rendimento escolar, rejeição prematura do seu grupo de pares e associação com grupos de pares que exibem comportamentos de risco, subsequentemente, associados ao abuso de drogas na adolescência. Alguns estudos revelam que crianças entre os 7 e os 9 anos de idade que exibem falhanço no rendimento escolar e comportamentos sociais inapropriados estão em risco de se envolverem no abuso de drogas aos entre os 14 ou 15 anos.

Família:
As primeiras interacções na vida de uma criança ocorrem no contexto familiar que podem ser negativas ou positivas. Por esta razão, os factores que afectam as dinâmicas no seio familiar são os mais significativos. As crianças encontram-se expostas a um maior risco quando existe:
Ausência de vínculos mútuos e afecto ( por ex. amor, confiança, encorajamento e segurança) pelos pais e/ou pessoas significativas.

Apoio parental ineficaz.

Ambiente familiar caótico.

Ausência de relacionamento significativo com um adulto (amor) e

Existência de um familiar e/ou pessoa significativa que abuse de substancias, doença mental e/ou associado a actividades ilícitas (por ex. crime).

Especialmente, o abuso de drogas e/ou outras substancias pelos pais e/ou pessoas significativas interferem negativamente nos vínculos e laços construtivos e saudáveis no seio familiar, representando uma seria ameaça aos sentimentos de segurança e protecção que as crianças necessitam para um desenvolvimento saudável. Por outro lado, as famílias constituem um factor de protecção quando:

Existe envolvimento emocional mutuo entre as crianças e as suas famílias.

Envolvimento dos pais na vida activa das crianças.

Apoio parental que satisfaça as necessidades da família ao nível económico, emocional, cognitivo e social.

Definir limites claros e um controle disciplinar consistente.

Finalmente, períodos críticos e/ou sensíveis no desenvolvimento da família podem intensificar os factores de risco ou de protecção. Por ex. os vínculos e laços familiares mútuos e fortes entre crianças e pais ocorrem durante a infância e a pre-adolescencia. Se existir negligencia durante as fases de desenvolvimento da criança, é pouco provável, que mais tarde estas consigam desenvolver vínculos fortes e positivos com outras pessoas ao longo da sua vida .

Fora do contexto familiar
Existem factores de risco fora do contexto familiar, por ex. escola, grupo de pares, professores e comunidade. Neste sentido, o aparecimento de problemas de comportamento pode comprometer seriamente o desenvolvimento emocional, cognitivo e social da criança. Alguns factores de risco, por ex.:

Falhanço no rendimento escolar.

Associação a grupos de pares que também apresentem problemas de comportamento, por ex. abuso de drogas e

Percepção deturpada da amplitude (por ex. tolerância) e aceitação de comportamentos associados a drogas na escola, nos grupos de pares e na vizinhança (comunidade).

A exposição de adolescentes à delinquência e abuso de drogas constitui uma associação imediata a grupos de pares que abusem de drogas. Entretanto, a ciência revela que as intervenções de prevenção que abordam estes comportamentos problemáticos, tais como a delinquência e abuso de drogas pode constituir um desafio e um compromisso enorme. Por ex. um estudo recente (Dishion et al. 2002) revela que envolver jovens com comportamentos de alto risco, num contexto de intervenção de grupo os resultados são negativos. Actualmente, a ciência procura estudar e explorar o papel dos adultos e de grupos de pares positivos de forma a evitar resultados negativas, em futuras intervenções, nesta área.

Outros factores de risco, tais como, a disponibilidade, o trafico e crenças relacionadas com drogas reforçam e toleram o abuso de drogas influenciando os jovens a iniciarem o abuso de drogas.
A família desempenha um papel significativo na protecção das crianças, principalmente quando elas se envolvem em actividades fora do seio familiar. Os factores de protecção mais expressivos são:

Monitorização dos pais do comportamento social das crianças quanto às diferenças de idades , estabelecendo limites, visionando as actividades fora de casa, ter conhecimento do circulo de amigos/as e reforçar as regras de casa.

Sucesso escolar e envolvimento em actividades extracurriculares.

Envolvimento com instituições de cariz social, ex. escolas, instituições religiosas e

Aceitação de normas convencionais contra o abuso de drogas.”

National Institute on Drug Abuse (NIDA) – Prevenir o Uso de Drogas entre Crianças e Adolescentes
Comentario: A familia desempenha um papel importante e central na prevenção das dependencias. Nos dias de hoje, como pais, somos confrontados no dia-a-dia, por inumeras situações e problemas que podem contribuir, conscientemente e/ou inconscientemente para o "afastamento" da vida activa dos nossos filhos. Por vezes pode parecer impossivel por falta de energia, falta de tempo, de disponibilidade emocional, de coragem estar presente na educação e desenvolvimento dos nossos filhos. Não somos perfeitos, mas podemos fazer um pequeno esforço, porque provavelmente esse esforço "especial" podera um dia mais tarde compensar. Vale a pena arriscar porque as vidas deles (crianças) são demasiado preciosas.

sábado, 13 de outubro de 2007

A Prevenção Através da Nutrição Saudável


“A nutrição era mal compreendida, ignorada ou simplesmente rejeitada, pois não era considerada relevante nos problemas da droga. Agora num período de tempo relativamente curto tornou-se um componente aceite, tanto na prevenção como na recuperação do abuso de drogas. Os profissionais de saúde que usam a nutrição para a prevenção e tratamento incluem médicos, psicólogos e conselheiros de jovens e pedagogos.
A Dr.a L. Ann Mueller e Katherine Ketcham, no seu livro “Eating Right to Live Sober” - (Comer Bem para Viver Sóbrio), dizem:
“ O poder de uma alimentação nutritiva e dos suplementos vitamínicos e sais minerais na cura e na saúde dos alcoólicos em recuperação é definida tanto pela investigação como pela experiência clinica”.

A investigação relaciona solidamente a alimentação á saúde, tanto mental como física, e as provas crescentes apontam que o que comemos influencia directamente o que pensamos e sentimos. Uma quantidade substancial de pesquisas e documentação valoriza a nutrição como meio de prevenir o abuso de bebidas alcoólicas e de drogas. Já em 1949 o Dr. Roger J. Williams, um bioquímico da Universidade do Texas, demonstrou que os animais de laboratório escolheriam o álcool se certas vitaminas fossem retiradas da sua alimentação. Quando as vitaminas foram novamente incluídas na alimentação, os animais deixaram de beber álcool.
O Dr. Williams diz: “ Se tomarmos em consideração todos os factos que associam o alcoolismo a factores bioquímicos e a deficiências de nutrição, torna-se claro que sejam quais forem as medidas que tomemos para prevenir o alcoolismo, não se pode negligenciar a alimentação”.

A Nutrição como Instrumento para os Pais
A pratica da nutrição como técnica de prevenção contra a drogas é uma ideia finalmente aceite. Os pais podem dar uma boa alimentação a toda a família e ajudar os filhos a reduzirem o risco de virem a ter problemas com a droga.
Seguem-se algumas sugestões para um programa de alimentação familiar que irão ajudar á prevenção contra o álcool e as drogas:

Ler os Rótulos
Hoje em dia , ler os rótulos dos alimentos é uma necessidade para praticar uma boa alimentação. Por vezes, nem sequer sabemos se o que estamos a comer é de facto comida ou apenas aparentado com a comida.
Prefira os alimentos que tenham sofrido o menor numero de transformações na sua produção
O Dr. Lendon Smith diz: “ Se um alimento foi embalado, processado, adicionado, estabilizado, emulsificado, colorido ou conservado, não há duvida que é antinatural”
No Texas, um especialista de prevenção contou-nos a seguinte historia sobre uma experiência que tivera com aditivos e conservantes:
- Um dia, no emprego, um amigo meu veio ate a minha secretaria e ofereceu-me um bolo embalado. Em vez de o comer de imediato, coloquei-o na gaveta da secretaria com a intenção de o comer mais tarde. Esqueci-me completamente da existência do bolo que, a pouco e pouco, foi ficando cada vez mais próximo do fundo da gaveta. Um ano mais tarde, quando estava a arrumar a gaveta encontrei o bolo. Quando o tirei da embalagem e o apertei, estava tão fofo e de aspecto tão fresco como no dia em que me foi dado!
Isto faz-nos pensar que efeito os aditivos e conservantes terão no nosso organismo, se conseguem manter um bolo fofo durante um ano inteiro.

Use produtos integrais em vez de produtos refinados
A farinha refinada e o arroz branco são destituídos da maioria dos seus nutrientes durante o processo de refinação. Poucos deste nutrientes são restituídos com o “enriquecimento” deixando os produtos feitos com farinha refinada deficiente em termos nutritivos.
O pão, nas massas, o arroz e a cevada cem por cento integrais são excelentes fontes de proteínas, alem de conterem muitos outros nutrientes. Cereais integrais, incluindo a aveia, o arroz, e o trigo são bons para o pequeno almoço quando não os enchemos de açúcar. Encontram-se produtos integrais em lojas de alimentos naturais e podem ser adquiridos a baixos preços, em maior quantidades, em cooperativas alimentares.
Sirva sumos de fruta naturais em vez de refrigerantes
Isto pode trazer duas vantagens nutritivas. Em primeiro lugar, elimina-se muito açúcar, cafeína, corantes e aditivos. Em segundo, substituem-se essas substancias potencialmente prejudiciais por alimentos saudáveis.

Utilize adocicantes naturais em vez de açúcar refinado
O mel contem algumas vitaminas e é absorvido mais lentamente pelo organismo. Quase isento de pesticidas, tem relativamente poucos sabores, corantes e conservantes artificiais. No entanto o mel é muito doce, por isso deve ser usado com moderação. Visto o mel conter esporos de bactérias que podem afectar as crianças, é melhor falar com um pediatra antes de dar mel a uma criança com menos de um ano.

Utilize os legumes como fonte de proteínas
As lentilhas, as ervilhas, o feijão e outro legumes são excelentes fontes de proteínas, sais minerais e vitaminas, e têm relativamente poucos produtos químicos. Constituem refeições deliciosas, baratas e de fácil preparação.

Sirva carne e aves sem produtos químicos
Parece impossível comprar carne e aves que não estejam cheias de antibióticos e hormonas que foram dadas aos animais para lhes estimular o crescimento, mas consegue-se. Alguns talhos vendem carne e aves sem produtos químicos. Se não as encontrar no seu talho, informe-se onde se vende carne e aves sem aditivos.

Sirva frutos secos e sementes
As crianças, geralmente adoram sementes de girassol, sementes de abóbora, amendoins, amêndoas e caju. Todos estes alimentos são boas fontes de proteínas. Os frutos secos e as sementes constituem um bom lanche , e podem ser misturados em assados, saladas, vegetais e pratos quentes.

Sirva lanches saudáveis
Estimule toda a família a comer muita fruta fresca e vegetais crus, que são um a fonte de vitaminas e de fibras. Sempre que possível, dirija-se a sua cooperativa local e compre frutas e vegetais cultivados de forma natural. No cultivo natural não são utilizados pesticidas. Se servir lanches á base de pão ou de bolachas integrais, manteiga de amendoim, queijo e pipocas, em vez de biscoitos, batatas fritas ou doces, irá enriquecer a alimentação das sua família.
Esta mudança na alimentação eliminará os factores negativos e acentuará os positivos. Eliminando a comida industrial, a alimentação será mais sã e os seus filhos mais saudáveis.

Os adolescentes precisam de uma nutrição saudável.
Todas as pessoas precisam dos mesmos nutrientes na sua alimentação, mas algumas precisam de mais do que outras. Cada indivíduo tem a sua própria bioquímica, mas os estilos de vida das pessoas variam, alimentação também.
As formas de stress também são diferentes. Segundo o Dr. Lyndon Smith, uma das maiores fontes de stress nos adolescentes é a pressão por parte do grupo de amigos. Problemas de ajustamento e problemas socioeconomicos também podem criar stress nos adolescentes. Os factores de stress fazem baixar o nível de açúcar no sangue, as glândulas supra renais são forçadas a produzir mais cortisona e adrenalina exigem um reabastecimento constante dos nutrientes consumidos.

No seu livro “ Can the Alcoholism be Prevented?” ( O Alcoolismo Pode Ser Evitado?), o Dr. Roger J. Williams diz que com uma alimentação correcta e bem proporcionada e um suplemento diário de vitaminas e sais minerais, a tendência para o abuso de álcool pode ser reduzida.
Quando começámos a alterar a alimentação dos nossos filhos, em nossa casa, principiamos com os doces, alimentos industrializados e refrigerantes. Dissemo-lhes: “Decidimos deixar de comprar doces, alimentos industrializados e refrigerantes com cafeína e açúcar. Se querem essas comidas e bebidas , terão que as comprar com o vosso dinheiro.”

A principio, os nossos filhos não gostaram destas alterações, mas nós mantivemo-nos firmes, sem deixar de lhes explicar as razões da nossa atitude. Pensamos que um dos muitos efeitos positivos de dar uma boa alimentação aos nossos filhos é a redução do risco de problemas com o álcool e outras drogas. Só este efeito positivo é suficiente para impor a pratica de uma boa nutrição."

Os Nossos Filhos Livres da Droga” - William Mack Perkins e Nancy Mcmurtie-Perkins

Portugal é o segundo pais europeu com maior prevalência de excesso de peso e obesidade em crianças. A situação na Região não é excepção à regra.

Portugal é o vice-campeão euro­peu da obesidade infantil. Um te­ma que está à preocupar, em grande escala, as autoridades de Saúde ao nível mundial, mas so­bretudo em Portugal.
Entre 1970 e 2002, o peso das crianças portuguesas aumentou mais do que a altura. Actualmen­te, cerca de 32 por cento das crianças portuguesas entre os se­te e os nove anos têm excesso de peso, ou sofrem mesmo de obesi­dade. Os dados surgiram de um estudo realizado pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimen­tação da Universidade do Porto.

Um estudo realizado no Reino Unido afirma que alguns dos aditivos utilizados em alimentos e bebidas, essencialmente bebidas gasosas, gomas, chocolates e aperitivos, podem aumentar a hiperactividade nas crianças.
A investigação para a agência de segurança alimentar britânica, cuja conclusão foi publicada na revista científica “The Lancet”, acompanhou dois grupos no total de 297 crianças com idades compreendidas entre os três e oito anos.

A um grupo foi dado um cocktail com aditivos alimentares normalmente presentes na alimentação e ao outro apenas sumo de fruto, sendo possível observar que as crianças que receberam o cocktail manifestavam mais hiperactividade.

Os cientistas destacaram os comportamentos impulsivos e as dificuldades de concentração em especial na leitura, cujos efeitos desfavoráveis não foram apenas constatados em crianças com hiperactividade, mas também «na população em geral», afirma um dos intervenientes do estudo.

Os aditivos utilizados são o conservante benzoato de sódio, identificado na lista da União Europeia (UE) como E211 e alvo de um alerta também por uma pesquisa realizada na Grã-Bretanha, para além de diferentes corantes alimentares, todos autorizados pela UE.

Os componentes em questão são utilizados para melhorar a conservação, o gosto e aspecto dos alimentos, ou ainda para alterar a cor.

Comentário: Também reforço a importância de uma alimentação saudável e diversificada. Através da minha experiência profissional constatei que existem muitos casos de adictos/as ao álcool e ou outras drogas que quando recaem e voltam a usar substancias, a maioria afirma que entre os aspectos ligados à manutenção da sua abstinência, que negligenciaram, era o descuido em relação à uma alimentação saudável. Também constato, que após a fase inicial de recuperação / abstinência muitos adictos/as tornam se obesos, descurando uma alimentação saudável, bem como, confrontando-se com emoções negativas em relação às suas atitudes e comportamentos disfuncionais em relação á comida, afectando significativamente a sua qualidade de vida.
Tal como foi referido no artigo, um dos problemas que a maioria dos adolescentes atravessa, nessa fase das suas vidas, são a pressão do seu grupo de pares. Sabemos que a obesidade pode afectar a auto-imagem e a auto estima dos adolescentes que por vezes atravessam fases conturbadas e difíceis no seu desenvolvimento fisico e emocional e espiritual. Se um/a jovem obeso for sujeito a criticas severas e julgamentos depreciativos , relativamente ao seu corpo, pelo seu grupo de pares e ou pessoas significativas (ex. familiares) e não tiver apoio pode adoptar comportamentos de risco e abusar de álcool e ou drogas.
"Nós somos aquilo que comemos..."


quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Prevençâo: Factores de Risco e Factores de Protecção

National Institute on Drug Abuse (NIDA) – Prevenir o Uso de Drogas entre Crianças e Adolescentes

"Estudos efectuados, ao longo do tempo, têm procurado determinar as origens e os caminhos das pessoas que abusam de drogas e da adicção – como surgem os problemas e como evoluem. Foram identificados alguns factores que permitem diferenciar entre aqueles que apresentam mais probabilidades de abusar de drogas e aqueles que se encontram menos vulneráveis. Os factores associados a um potencial elevado de abuso de drogas designam-se como factores de risco, enquanto aqueles associados a um potencial elevado de protecção designam-se de factores de protecção. È importante salientar que apesar de muitos indivíduos apresentarem factores de risco, de abuso de drogas, estes decidem não consumir drogas nem se tornarem adictos. Contudo, gostaríamos de adiantar que um factor de risco, para uma pessoa, pode não o ser o mesmo para outra pessoa diferente.

Desde então, o Instituto NIDA (National Institute on Drug Abuse) duplicou em numero e nas suas vertentes e domínios os programas de pesquisa na prevenção procurando abranger todas as fases do desenvolvimento da criança, criando coligações entre audiências e contextos variados, bem como, a introdução de medidas eficientes às comunidades. Hoje a prioridade do Instituto são os riscos de abuso de drogas e outros comportamentos problemáticos. Programas e intervenções na prevenção na abordagem dos comportamentos de risco, planeados e comprovados, aplicam-se a cada etapa do desenvolvimento da criança. Envolvendo as famílias, escolas e comunidades, e cientistas num trabalho conjunto, foram encontradas evidencias, em abordagens eficientes no apoio e competências com o intuito de evitar problemas no comportamento antes mesmo de estes surgirem. Estudos efectuados pelo Instituto (NIDA , National Institue of Menthal Health e pelo Centers for Disease Control and Prevention revelaram que uma intervenção precoce previne comportamentos de risco durante a adolescência.

Os factores de risco e de protecção afectam a trajectória de risco no desenvolvimento da criança. Esta trajectória, reflecte como os factores de risco se tornam evidentes em diferentes fases da vida da criança. Os primeiros sinais de risco evidenciados por algumas crianças, são por ex. comportamento agressivo descontrolado. Se este tipo de comportamento agressivo não for monitorizado, através de medidas de apoio positivo, impostas pelos pais, quando a criança entrar para a escola a agressividade vai desencadear outros tipos de comportamento de risco. O comportamento agressivo na escola conduz à rejeição da parte do grupo de pares, à punição dos professores e ao insucesso escolar. Uma vez mais, se este comportamento não for monitorizado, através de intervenções preventivas, a curto prazo, as consequências negativas são; o absentismo escolar e/ou associação a um grupo de pares que abusa de drogas. A implementação de programas de prevenção, sobre a trajectória de risco, interferem no inicio do desenvolvimento da criança e fortalece os factores protectores e assim como reduz os comportamentos problemáticos antes mesmo de estes surgirem.
Tabela
Factores de risco *Dominio* Factores de protecção
Comp. agressivo precoce na infância *Individual* Controle dos impulsos
Falta de supervisão parental *Familiar * Monitorização parental
Abuso de substancias *Grupo de Pares* Competências académicas
Drogas disponíveis *Escola* Medidas antidrogas
Pobreza *Comunidade* Envolvimento Social Elevado

Esta tabela descreve um esquema caracterizando os factores de risco e os factores de protecção em cinco domínios e ou contextos. Estes domínios são aplicados em medidas e estratégias de prevenção. Tal como descrevem os dois primeiros exemplos, os factores de risco e os factores de protecção são mutuamente dominantes – a presença de um - significa a ausência do outro. Por ex. no domínio individual, comportamento agressivo precoce, como factor de risco, indica a ausência da capacidade de controlar e gerir os impulsos, um factor-chave na protecção. Em alguns programas de prevenção, o principal objectivo é ajudar a criança a gerir e a controlar os seus impulsos. Outros factores de protecção e de risco são independentes entre si, tal como está descrito na tabela; nos grupos de pares, na escola, e na comunidade. Por ex. no domínio escolar - existirem drogas disponíveis na escola, apesar de haver medidas anti-drogas. Pode ser necessário uma intervenção “musculada” e activa reforçando os objectivos delineados, promovendo assim um ambiente livre de drogas.

Os factores de risco representam um desafio a nível emocional, social e do desenvolvimento académico de cada indivíduo. Os factores de risco produzem efeitos diferentes dependendo das características da personalidade, da fase do desenvolvimento e do ambiente (meio envolvente).

Entre vários comportamentos problema, surgem por ex. os comportamentos agressivos e as limitadas competências académicas podendo estes serem indicadores da uma fase negativa do desenvolvimento da criança, enveredando por comportamentos problemáticos. Todavia, uma estratégia precoce na prevenção, ajuda a reduzir ou reverter, estes riscos, e alterar o curso da trajectória de risco do desenvolvimento da criança.
Para as crianças que exibem factores de riscos sérios, adiar a intervenção até a adolescência significa maiores dificuldades em lidar e eliminar esse tipo de riscos. Na adolescência, as atitudes e os comportamentos encontram-se estruturados e não são fáceis de mudar.

Os factores de risco conseguem influenciar o abuso de drogas de varias maneiras. São uma combinação nociva e explosiva: quanto maior for a exposição aos risco; maior serão as probabilidades de a criança abusar de drogas. Alguns factores de risco são poderosos, contudo não significa que influenciem o abuso de drogas a menos que certas condições prevaleçam. Por ex. existir um historial de abuso de drogas, por parte da família, coloca a criança numa situação de risco quanto a consumir drogas. Contudo, é menos provável uma criança abusar de drogas se viver enquadrada num ambiente livre de drogas - grupo de pares e de medidas que sejam anti drogas. A presença de vários factores de protecção diminuem o impacto de alguns factores de risco. Por ex. factor de protecção elevada - monitorização e supervisão parental – reduz a influência negativa dos factores de risco elevados, tais como, grupo de pares que abusem de drogas. Nesse sentido, um objectivo importante na prevenção passa por alterar o equilíbrio entre os factores de risco e os factores de protecção em que predominem os factores de protecção.
O género também determina a atitude/resposta do indivíduo aos factores de risco. Estudos efectuados nas relações familiares, demonstram que as raparigas adolescentes respondem positivamente á disciplina e apoio paternal, enquanto os rapazes adolescentes respondem por vezes de uma forma negativa.
Estudos efectuados nas escolas, sobre comportamento agressivo precoce nos rapazes e dificuldades na aprendizagem nas raparigas revelam que são as causas primarias no relacionamento disfuncional entre o grupo de pares. Por sua vez, este relacionamento disfuncional conduz á rejeição social , a uma experiência escolar negativa e problemas de comportamento, incluindo o abuso de drogas”
National Institute on Drug Abuse (NIDA) – Prevenir o Uso de Drogas entre Crianças e Adolescentes

Comentario:
Irei apresentar um conjunto de medidas/artigos efectuadas pelo NIDA - Prevenir o Uso de Drogas entre Crianças e Adolescentes (EUA). Tal como já foi referido anteriormente, durante a minha estadia neste país em 2000, pude acompanhar alguns trabalhos sobre a prevenção das dependências e nesse sentido acredito que apesar de realidades distantes e diferentes possa lançar a discussão de ideias e expectativas, com estes artigos, sobre esta matéria. Os nosso jovens merecem este desafio. “A informação é poder”

domingo, 30 de setembro de 2007

Educação Sexual nas Escolas


O Grupo de Trabalho de Educação para a Saúde apresentou o relatório final e propõe um programa mínimo e obrigatório de Educação Sexual para todos os estudantes, consoante o ciclo de escolaridade.A Educação para a Saúde deverá apresentar-se como uma área de carácter obrigatório, desde o 2.º ciclo até à conclusão do secundário – através da revitalização dos conteúdos curriculares das várias disciplinas e da inclusão destas temáticas nas áreas curriculares não disciplinares – com avaliação obrigatória da aprendizagem. No ensino secundário recomenda-se agora que nos 10.º, 11.º e 12.º anos sejam aproveitados os espaços lectivos de Educação Física para abordar os temas de Educação para a Saúde, tornando-se necessário mobilizar os docentes de Educação Física para esta nova actividade e dotá-los de formação específica, caso não a possuam. Particularmente, no ensino secundário só existe Área de Projecto no 12.º ano propondo-se, por isso, a utilização desse espaço para a dinamização de projectos de Educação para a Saúde, bem como a revitalização de currículos de algumas disciplinas onde possam surgir contextos propícios à discussão de temas relacionados (Biologia, Português, Filosofia, Sociologia).
Em relatórios anteriores deste Grupo de Trabalho presidido por Daniel Sampaio sugeriu-se a criação de Gabinetes de Apoio ao aluno, já existentes em muitas escolas, ao nível do ensino secundário, com o objectivo de criar um espaço de privacidade onde o aluno possa ser ouvido, encontrar algumas respostas, receber informação disponível e, em caso de necessidade, ser encaminhado para um apoio fora da escola.Prevê-se agora a constituição destes gabinetes através da permanência de um professor da escola ou do agrupamento em regime rotativo, psicólogo ou assistente social, caso a escola disponha destes técnicos, bem como apoio da estrutura local do Instituto de Apoio à Juventude.Subcomissão para avaliação de manuais. Esta subcomissão concluiu que, tendo em conta a totalidade dos materiais apreciados, a maioria dos itens analisados (correspondentes a cerca de 85 por cento do total das classificações atribuídas) obteve a classificação de “bom”. Consulte os documentos em: Relatório Final Relatório de Avaliação de Manuais.
Confederação Nacional de Associações de Pais


domingo, 23 de setembro de 2007

O consumo de alcool no ensino secundario e superior


Na minha opinião e por vários razões ainda negligenciamos e ignoramos os malefícios e as consequências adversas, do consumo de álcool, sobretudo nos mais jovens. Todos sem excepção, escolas, universidades, comunidades e famílias deveríamos preocupar com o consumo de bebidas alcoólicas por jovens com idade inferior aos 21 anos. Os hábitos de consumo diferem sensivelmente entre homens e mulheres, mas os homens consomem mais. No entanto, a idade de início do consumo é cada vez mais prematura e assiste-se ao aumento do consumo nos jovens. È importante efectuar uma detecção precoce em jovens que se encontram mais vulneráveis a este flagelo e apoia-los nas suas decisões e desafios da vida.

Em Portugal, os acidentes de viação são a principal causa de morte em crianças, adolescentes e adultos jovens com idades até aos 25 anos de idade. Segundo um estudo, estima-se que um quarto das mortes dos europeus, principalmente do sexo masculino, com idades entre os 15 e os 29 são atribuídos às consequências adversas do consumo do álcool. A mortalidade dos jovens do sexo masculino é três vezes mais elevada do que a do sexo feminino, em grande parte devido a acidentes.

A condução sob o efeito do álcool é uma verdadeira epidemia. De uma forma geral, na UE, a média de indivíduos que conduzem com Taxa de Álcool no Sangue (TAS) acima dos limites legais ronda os 3%, enquanto esta percentagem se eleva para 25% quando se considera os condutores envolvidos em acidentes de viação fatais.

Lembro-me da altura da “queima-das-fitas” e/ou festas estudantis onde estes eventos são um pretexto para se “apanharem” grandes intoxicações alcoólicas. Fazendo o balanço deste tipo de eventos quais são os prós e os contra? Se nos debruçar-mos sobre os contra verificamos por ex. jovens intoxicados são assistidos nos hospitais, quantos acidentes de viação ocorrem nesses dias em que os condutores são estudantes e se encontram sob o efeito do álcool, os comportamento de risco associados ao sexo sem protecção onde correm o risco de se infectarem com HIV, etc., estes são somente alguns dos factores a ter em conta.

O consumo de álcool contribui mais do que qualquer outro factor de risco para a ocorrência de acidentes domésticos, laborais e de condução, violência, abusos e negligência infantil, conflitos familiares, incapacidade prematura e morte. Quantos destes factores são associados ao estudantes? Relaciona-se com o surgimento e/ou desenvolvimento de numerosos problemas ou patologias agudas e crónicas de carácter físico, psicológico e social, constituindo, por isso, um importante problema de saúde pública.

Alguns comportamentos de risco também estão associados aos consumos elevados de álcool, tais como: sexo sem protecção, gravidez não planeada e ou desejada e o risco de contagio de doenças sexualmente transmissíveis, incluindo o HIV. Encontra-se também associado o baixo rendimento escolar, absentismo escolar e altos níveis de abandono escolar.

Foi desenvolvido por investigadores da Universidade Autónoma de Lisboa, um trabalho sobre o absentismo escolar em Portugal insere-se no projecto europeu Agis. Assim, o estudo conclui que a maior incidência de hábitos de consumos de substâncias - como tabaco, álcool e drogas - ocorre nos alunos absentistas dos segundo e terceiro ciclos de escolaridade, ou seja, quando em média têm entre 10 e 15 anos.

“Em Portugal, os problemas ligados ao consumo de álcool têm registado, nos últimos anos, um agravamento traduzido no aumento do consumo global. Por outro lado, numerosos estudos têm vindo a demonstrar que a iniciação no consumo de álcool ocorre geralmente na adolescência.” Comunicado do Conselho de Ministros de 18 de Outubro de 2001

O cérebro dos jovens ainda se encontra num período de desenvolvimento e maturação. A área do cérebro (neocortex) que se encontra em desenvolvimento é principalmente aquela actua nos capacidade de pensar e antecipar, comportamento consciente e voluntário, tomada de consciência e memória funcional, etc. Estudos referem que o processo de desenvolvimento só se encontra completo aos 20 anos de idade. O álcool perturba o funcionamento normal do sistema nervoso central. A sua acção é a de um anestésico. Esta depressão gradual das actividades nervosas, devida ao álcool, atinge os centros nervosos pela ordem inversa da sua evolução, quer dizer, começando pelos centros que comandam a capacidade de ajuizar, a atenção, a autocrítica, o autodomínio, a locomoção, para terminar naqueles de que depende a vida orgânica. Podemos concluir com base no bom-senso que o álcool e jovens são uma mistura poderosa e profunda (explosiva). Num primeiro estado, o indivíduo, após ter bebido alguns ml de álcool, parece ter comportamento normal, mas observado atentamente, apresenta reflexos cuja rapidez e precisão estão um pouco diminuídos. A alteração dos centros inibidores aparece num segundo estado. O indivíduo experimenta uma sensação de bem-estar, de euforia, de excitação, por vezes com uma quebra variável do controle que normalmente exerce sobre as suas palavras, sobre a sua coordenação muscular e locomotora e sobre as suas emoções. Num terceiro estado acentuam-se estes sintomas, havendo uma imprecisão dos movimentos, descontrole nas frases que diz, no andar, na audição e na visão. Num quarto estado, uma intoxicação mais profunda do sistema nervoso segue-se à embriaguez, após um período em que se agravam os seguintes sintomas: alucinação, excitação motora desordenada, perda da sensibilidade e da consciência. Sobrevem um sono com perturbações da respiração e da circulação, seguida de coma alcoólico que pode ser mortal. As quantidades de álcool que podem provocar estes estados sucessivos variam de indivíduo para indivíduo.

O consumo de bebidas alcoólicas em Portugal, assume o lugar de problema de saúde pública, uma vez que cerca de 60% da população as consome regularmente. Quantos jovens com idades compreendida entre os 15 e os 21 fazem parte deste percentagem?
Ao longo da minha experiência profissional a maioria dos casos que acompanhei experimentaram o álcool quando eram jovens e mais tarde desenvolveram dependência ao álcool e drogas.

Todos partilhamos (escolas, pais e alunos) uma grande responsabilidade na redução do consumo de bebidas alcoólicas pelos jovens, com idade inferior aos 21 anos, através de implementação de algumas medidas no ambiente escolar:
Limitar o acesso as bebidas alcoólicas. Desenvolver e implementar de uma forma consistente e clara mensagens sensibilizando a redução e a eliminação dos consumos de bebidas alcoólicas nas universidades e escolas bem como nas redondezas. Implementar programas de prevenção nas próprias universidades e escolas

Estratégias a adoptar em Ambiente Escolar
Estas estratégias são técnicas que se centram e condenam o consumo de substancias entre os estudantes nas universidades, escolas e na comunidade. Quando estas estratégias são implementadas com sucesso podem proporcionar alterações no ambiente escolar e na comunidade, que por sua vez, proporcionam mudanças nas atitudes, normas sociais e no consumo de bebidas alcoólicas.

Introdução de Medidas “musculadas”
Criação de regras claras quanto à venda, posse e consumo de álcool nas escolas e universidades. Aplicar de uma forma consistente e pratica penas para aqueles que violem estas medidas sobre o consumo de álcool.
Desenvolver e aplicar restrições à industria do álcool quanto á publicidade sobre o álcool, incluindo outdoors, estações de radio, ou qualquer tipo de mensagens entre os jovens.
Limitar o tipo e a quantidade de mensagens que promovam o consumo de álcool em acontecimentos festivos, tais como “happy hour” ; “bar aberto - as meninas não pagam no bar X” etc.
Restringir o patrocínio de eventos nas universidades, que promovem o consumo de álcool, bem como eventos onde participem pessoal docente e não docente da própria escola.
Restringir todo e qualquer consumo de álcool nas universidades, educando e informando as associações de estudantes e pessoal de segurança, etc que apoiem as medidas definidas pelos estabelecimentos de ensino.

Criação de coligações entre as universidades e a comunidade que supervisione e identifique os consumos de bebidas alcoólicas entre os jovens. Estas coligações devem incluir os seguintes indivíduos ou grupos:
- Empresários e associações de comercio
- Agentes da lei
- Tribunais e juizes
- Câmaras Municipais
- Instituições ligadas à prevenção e tratamento
- Professores e directores de turma
- Associações de Pais

- Reitores e administração das escolas
- Associações de estudante e alunos

Qual a idade aconselhável para consumir álcool?Só a partir do 18 anos é que é aceitável um consumo moderado de álcool sem riscos para a saúde. No entanto, a regulamentação apenas restringe a venda e o consumo a menores de 16 anos ( Decreto-Lei n.º9/2002 de 24 de Janeiro), o que não significa que a partir desta idade os jovens estejam aptos do ponto de vista do seu desenvolvimento físico e psíquico para lidar com a toxicidade do álcool.

Segundo estatísticas da Direcção Geral de Viação, em 2004, os jovens com idades compreendidas entre os 20 e os 29 anos foram os mais afectados pelos acidentes de viação representando 25,3% dos mortos, 25% dos feridos graves e 26% dos feridos leves, e apresentando maior probabilidade de morrer num acidente de viação (18,2 mortos por 100 mil habitantes versus 9,4 nos restantes grupos etários). Na sua maioria as mortes ocorreram de sexta-feira a domingo (51,7%), sendo sábado o dia com maior número de mortes, e no período entre a meia-noite e as seis da manhã, o que corresponde aos períodos de lazer da semana.

O excesso de álcool detectado foi superior nos condutores de veículos de duas rodas, os quais apresentam um maior perigo (especialmente os motociclos), sendo mais elevado durante o período nocturno entre a meia-noite e as oito da manhã (17,6% condutores de veículos ligeiros e 19,7% condutores de veículos de duas rodas).

È urgente melhorar os níveis de vida das crianças e jovens.
Embora saibamos como melhorar os níveis de vida dos jovens e tornar mais atractivas e prosperas as gerações futuras, existe uma discrepância enorme entre aquilo que é necessário fazer e a nossa capacidade (boa vontade) de por em pratica. Significa que por vezes aquilo que dizemos, não é igual aquilo que fazemos pelos nossos jovens. Existe muita hipocrisia. Seria diferente se as crianças tivessem direito a voto?
A implementação de medidas concretas e exequíveis está muito longe dos níveis satisfatórios. Implementar melhorias na área da saúde é um esforço conjunto continuo de vários sectores da nossa sociedade. Os cuidados primários na área da saúde envolvem a educação, a industria, os media, a habitação, etc. Urge a acção nesta matéria. Assistimos impotentes ao total controle da industria do álcool na angariação feroz e desenfreada de novos consumidores, em que o publico alvo são os jovens, e á permissividade das entidades reguladoras.


http://www.idesporto.pt/CONTENT/10/..\..\DATA\DOCS\LEGISLACAO\doc193.pdf

http://www.dgv.pt/uploadedfiles/rel_anual06_v3.pdf

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Alunos Levam Armas para a Escola


A PSP já detectou 50 armas na posse dos alunos, menores de 16 anos, em escolas de todo os país. Na maioria eram facas e navalhas. Mas já foram detectadas armas de fogo

MAIS:
· Agressões e violência nas escolas
Até Abril deste ano a PSP detectou 50 armas na posse de alunos em escolas de todo o país, mais 11,1 por cento do que no ano lectivo anterior. A maior parte das armas encontradas na posse dos jovens com menos de 16 anos são facas e navalhas, no entanto, a polícia também apanhou sete armas de fogo, soube o PortugalDiário junto de fonte policial.
O transporte de armas para a escola não tem sempre o intuito de violência. Alguns casos são apenas para mostrar o objecto perigoso que conseguiram «apanhar». Mas as armas são também o meio mais utilizado para assustar e roubar. Os dados provisórios da PSP contabilizam como crime mais frequente os furtos e roubos junto aos estabelecimentos de ensino.

Casos crónicos de consumo de álcool
Outra das queixas mais frequentes que a PSP recebeu de pais e escolas é sobre o constante consumo de álcool por parte dos alunos perto dos estabelecimentos de ensino. Apesar de a venda de bebidas e tabaco ser proibida a menores de 16 anos a polícia tem já conhecimento de «casos crónicos de consumo». A fiscalização está a ser apertada. Os donos de cafés são os alvos.
No início do ano lectivo o programa «Escola Segura» efectuou várias operações de fiscalização junto de todas as escolas do país. Durante um mês e meio foram detectados 14 casos de venda de tabaco a menores e foram instaurados 22 processos por venda de bebidas alcoólicas a jovens com menos de 16 anos.

À PSP têm chegado relatos de que a situação é preocupante e que a legislação não é, em muitos locais, cumprida. «Há casos de alunos que são detectados esporadicamente alcoolizados, mas há também situações crónicas de consumo», explicou ao Portugal Diário fonte policial. Estes comportamentos são reportados às Comissões de Protecção de Crianças e Jovens em Risco. http://www.cnpcjr.pt/

Os perigos perto das escolas também são muitos. Numa só operação desenvolvida em escolas de todo o país, a polícia prendeu 220 indivíduos por roubo, furto, tráfico ou ameaças. A droga é um dos principais problemas, e só nesta operação a polícia apreendeu 40 doses de cocaína, 52 de heroína, 1498 de haxixe e uma de ecstasy.

Voyeurs perto das escolas
As crianças são alvo dos criminosos e os pedófilos têm nas escolas um dos principais locais de miragem. A PSP registou 49 casos de atentado ao pudor. «A maior parte das ocorrências diz respeito a ofensas entre alunos, no entanto, alguns destes casos reportam a indivíduos que tentam aliciar os menores nas imediações escolares», avançou.
São, na sua maioria, homens e utilizam a oferta de rebuçados e boleias como abordagem ou ficam simplesmente a olhar. A PSP quando detecta estes indivíduos suspeitos procede a identificação e reforça a vigilância.
Nota: Esta reportagem saiu no Jornal Portugal Diario em 01.06.2006