segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Empatia em Acção na Comunicação


Algumas definições de empatia na net
“[do grego empátheia] – Tendência de se colocar no lugar do outro, procurando sentir como se estivesse na mesma situação e circunstância experimentada pela outra pessoa.”
“Faculdade de experimentar os sentimentos e a conduta de outra pessoa. A empatia, ou endopatia, diz respeito a uma vivência pela qual quem a experimenta se introduz numa situação alheia, real ou imaginária, objectiva ou subjectiva, de tal modo que aparece como se estivesse dentro dela. “
Na minha opinião, uma das características mais proeminente na comunicação entre seres humanos (relacionamentos) é sem duvida a empatia.

Quem não gosta de ser ouvido activa e atentamente e/ou não ser interrompido quando se partilha um assunto sério? Quando se conversa com um amigo/a, quem não gosta de ser olhado nos olhos, como “prova” de ser escutado? Quem não procura ser compreendido e aceite tal como é? Quem não procura ser orientado e surpreendido pela positiva pelo seu amigo/a? Por ex. na relação entre o filho/a e os seus pais, entre mulher e marido, entre amigos/as, namorada e namorado, entre colegas de trabalho, nos rituais religiosos na nossa comunidade, patrão e empregado, etc.

Todos nós, procuramos alguém que esteja disponível, para nos apoiar e ou compartilhar, nas horas de maior sofrimento e/ou bem-estar e alegria. Somos seres gregários, por isso, precisamos de pessoas à nossa volta para satisfazer as nossas necessidades básicas, e claro vice-versa. Às vezes, criamos expectativas irreais e frustradas sobre o tipo de pessoas significativas que desejamos para a nossa vida, queremos algo que seja ideal e que imaginamos existir no nossos “imaginários”, contudo, mais tarde, constatamos que afinal havia algo “errado” nessa pessoa. Na realidade, ninguém é perfeito. Nós também não somos.

Podemos ambicionar que os nossos filhos sejam uma “imagem equilibrada e perfeita” de nós mesmos ou projectar neles futuros médicos/as, futebolistas, engenheiros/as, advogados/as, etc., como a única e exclusiva via para o sucesso emocional, financeiro e espiritual, não religioso, sem muitas vezes, respeitar as suas potencialidades e individualidades. Este tipo de situação também se aplica noutras realidades dos relacionamentos afectivos. Desrespeitamos e desvalorizamos as diferenças de personalidade e os valores morais.

Vemos isto a acontecer todos os dias nas nossas vidas, tanto como gostaríamos ou esperaríamos, das pessoas significativas à nossa volta? Se calhar a resposta é sim. Estamos desiludidos com alguém? Será que também desiludimos as pessoas significativas à nossa volta? Provavelmente sim. Ao contrario daquilo que nos acontece a todos, no dia-a-dia, estamos rodeados de “multidões” e na maioria dos casos, os verdadeiros amigos são somente “ um punhado” de pessoas, e às vezes nem isso, não é uma critica , mas uma constatação de um facto irrefutável.

Algumas das qualidades que procuramos nas pessoas à nossa volta são; alguém genuíno, integro, autentico, amoroso/a, com auto estima, flexível, responsável e disciplinado/a, com sentido de humor e com visão na vida. Podemos pensar, de que forma as nossas qualidades, em conjunto, e isto é muito importante, com as qualidades da outra pessoa podem contribuir para uma maior sinergia e entendimento?

Ao longo da minha experiência profissional, quando uma família, seja ela numerosa ou não e/ou que vivam todos “debaixo do mesmo tecto” ou separados, em que um ou vários dos seus membros se confrontem com um problema de abuso e ou dependência de drogas, álcool ou outro tipo de comportamentos adictivos alguns dos sintomas mais evidentes é sem duvida a incapacidade de comunicação aberta e sincera. Conforme o problema se vai “infiltrando” aplica-se uma regra que a curto e a médio prazo se torna disfuncional e geradora de insegurança e instabilidade na família que podemos chamar Regra do Silencio:
Não se fala sobre o assunto,
Não se ouve,
Não se expressa sentimentos entre os seus membros.
Todos na família são afectados por este ambiente disfuncional e gerador de discórdia e “apanhados nesta rede”.

Nesse sentido, gostaria de reforçar o “papel” da empatia, como “ferramenta” na comunicação e um traço de personalidade, na qualidade dos relacionamentos, na coesão entre relações, no respeito pelas diferenças de valores, na honestidade, e na estabilidade dos relacionamentos ao longo da vida. Precisamos de relacionamentos que permaneçam “sólidos” e “cresçam” no tempo. Que “sobrevivam” e ultrapassem os desafios e as vicissitudes ou conflitos existentes entre personalidades diferentes. Por vezes, são os conflitos entre relações, se geridos de uma forma construtiva e “justa para ambas a partes”, que se tornam num excelente bálsamo que acaba por reforça os “laços” de confiança e proporcionar uma maior longevidade e aceitação na relação entre pessoas.

Lembra-te que a empatia é uma característica da tua personalidade não pode ser somente uma competência profissional e ou de comunicação.
Concentra-te, cuidadosamente, quer física (linguagem corporal) quer psicologicamente, quando ouvires atentamente o ponto de vista da outra pessoa.
Tenta colocar de lado os teus próprios julgamentos e ou preconceitos.
Ouve ambas mensagens, as verbais e não verbais, e o seu contexto.
Responde frequentemente, de uma forma moderada, mas breve, às mensagens realmente importantes das outras pessoas. È importante ouvir.
Sê flexível e cuidadoso/a o suficiente na tua abordagem de maneira que a outra pessoa não se sinta desconfortável e ou intimidado/a.
Sê gentil, mas procura manter a outra pessoa focado nas questões importantes.
Responde somente às questões mais importantes; aquilo que é dito pela outra pessoa, por ex. experiências pessoais, comportamentos e sentimentos, a menos que exista uma razão para dar especial ênfase a uma delas especialmente.
Gradualmente conduz a conversa (exploração) na direcção de novos assuntos e sentimentos.
Depois de responderes com empatia, está atento às suas “pistas” que confirmem ou neguem a precisão das suas respostas/reacções. Por ex. se está a ser coerente com aquilo que diz e aquilo que sente.
Determina se as tuas atitudes / respostas, com empatia, ajudam a outra pessoa a permanecer focado no assunto importante, enquanto exploram e ou clarificam tópicos importantes
Identifica sinais de stress e/ou de resistência na outra pessoa. Tente aperceber-te se esse sinais surgem como consequência da tua falta de objectividade, por ex. não ser especifico ou porque estás a ser demasiado preciso ou exigente.
Mantém em mente que a capacidade em se utilizar a empatia é uma ferramenta que ajuda as outras pessoas a olharem para si mesmos e para as suas situações problemáticas mais claramente de forma a conseguirem lidar melhor com os seus problemas de mais eficazmente. Não conseguimos modificar os outros podemos proporcionar um ambiente de confiança, tolerância e seguro.
“Porque será que temos dois ouvidos e uma boca”. Será que precisamos de ouvir mais do que falar?

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