segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Resiliência e Alcoolismo

O estudo da resiliência tem me apaixonado e motivado, quer seja na área profissional quer seja na área pessoal. Tenho acompanhado desde alguns anos este “fenómeno” tão interessante e potencial da raça humana, da capacidade de nos surpreender-mos (descoberta e conhecimento interior) e pela auto realização. Muitas das vezes encontramos “forças” onde jamais imaginaríamos possível.

Até recentemente, estudos revelavam que o impacto que pais que consumiam de drogas e ou álcool provocavam nas crianças era unicamente negativo, quer a curto e a longo prazo. Contudo a evidencia revela um padrão diferente no impacto neste tipo de problemas. “De uma maneira geral associava-se, com demasiado ênfase no passado, sérios riscos a filhos de pais que apresentavam problemas relacionados com o álcool quando estes atingissem a idade adulta, todavia a resiliência de tal associação/ligação tem sido menosprezada.” (Velleman & Templeton, 2003. Estudos revelam alguns factores que podem minimizar o impacto negativo de problemas relacionados com o álcool e com drogas. Parece que algumas crianças resilientes não desenvolvem problemas significativos, ou não desenvolvem problemas diferentes de crianças, cujos pais não apresentem comportamentos problema relacionados com o abuso de substancias, quer seja na fase da adolescência que seja na fase adulta; eles próprios desenvolvem as suas próprias famílias.

A resiliência pode ser encontrada num numero identificado de factores de protecção e dinâmicas (processo), que presentes podem ser um apoio benéfico para a criança ou o jovem. Podemos considerar factores de protecção a auto estima elevada e a auto confiança, eficácia pessoal, habilidade em gerir a mudança, apresentar um leque variado de competências capazes de resolver problemas, experiência previa de sucesso e auto-realização, tal como crescer numa família pequena, diferenças de idade significativas entre irmãos, separação reduzida durante o primeiro ano de vida da pessoa mais significativa (ex. mãe), laço/vinculo positivo e forte com pelo menos um adulto num papel protector (ex. pais, irmãos e avós), sistema de apoio positivo por detrás desta relação significativa e envolvimento numa variedade de actividades.

O processo do factor de protecção inclui redução no impacto de risco ( “falsificar” / dissipar o risco ou alterar a exposição a esse mesmo risco), redução na cadeia de reacções negativas, manutenção da auto estima e na eficácia pessoal, presença de oportunidades, bem como, competências, temperamento e valores individuais que contribuam para uma utilização eficiente das habilidades pessoais, estilo e características (combinação / referência) do papel dos pais, apoio de adultos significativos, oportunidades positivas em fases de transição da vida pessoal . Como é que a resiliência pode ser promovida e direccionada nas transições chaves da vida ou é em fases de desenvolvimento. Assim em termos de intervenção com crianças e ou jovens afectados por pais com problemas de consumo de substancias é importante que os profissionais, tenham em linha de conta, qual abordagem que melhor se adapta a cada caso, com base em factores de risco ou em factores de protecção; evidentemente esta abordagem irá claramente depender das circunstancias, todavia pode ser determinante permanecer atento a ambas abordagens.

A resiliência tem que ver com a capacidade de um indivíduo para ultrapassar os traumatismos e construir-se apesar das feridas. O funcionamento resiliente edifica-se através de um jogo complexo de processos defensivos de ordem intrapsíquica e de factores de protecçõo internos e externos. O estudo da resiliência vem completar o campo da psicologia clínica e da psicopatologia ao constituir um novo modelo fundado na abordagem do sujeito encarado na sua globalidade, com os seus recursos e os seus processos defensivos assim como com as suas fragilidades.

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