terça-feira, 10 de março de 2009

Novas Descobertas


No campo da Prevenção das Dependências já muito trabalho foi desenvolvido no “terreno”, com algum sucesso, por pessoas e instituições dedicadas a esta causa, mas por outro lado, admito que ainda nos falta, como sociedade, um grande caminho de aprendizagem e compromisso, para o êxito desta missão.
Por vezes, promovo programas de Prevenção com a melhor das intenções, todavia mais tarde descubro para minha surpresa, conteúdos que provavelmente se adaptariam melhor aos objectivos. Quando penso que avanço, provavelmente, estou parado.

De acordo com a investigação, hoje podemos concluir que qualquer tentativa isolada, para “educar” as crianças sobre os aspectos negativos do consumo de tabaco, álcool ou outras drogas lícitas e ilícitas (factos e consequências) são inúteis, e também podemos acrescentar que em certos grupos de crianças, esta informação, pode aumentar o risco de consumo.
Se sabemos que é inútil, porque continuamos a faze-lo?

Informar as crianças sobre os efeitos negativos do tabaco, álcool, incluindo as drogas (licitas e ilícitas) não produz nenhum efeito preventivo. Parece difícil de acreditar, mas é verdade.
Em 1984, um investigador americano, envolvido num dos primeiros programas de educação sobre a prevenção das dependências para crianças em idade pré-escolar, concluiu com surpresa, que a maioria das crianças com idades entre os 3 e os 5 anos já sabiam dos efeitos negativos do consumo de álcool – elas afirmavam “É mau”, “Faz mal à saúde” e “É perigoso”.
Por isso, em termos de estatística, todos os estudos efectuados nos EUA subordinados ao tema – Factos e Consequências do Consumo de Drogas, revelam não apresentar qualquer impacto positivo nas crianças em termos de prevenção (ver ex. de Tobler e tal. 1999). Também existem evidências que algumas crianças, na posse desta informação, apresentam sinais de risco, ex. desafio e provocação aos adultos, subsequentemente exerce uma influência negativa em comportamentos de risco entre o grupo de pares.

Sabemos de antemão que a exposição a situações adversas (traumáticas) durante a infância é um indicador forte de risco de abuso de substâncias e que modifica a química do cérebro, directamente relacionada com a percepção do conhecimento, afectando o discernimento das crianças, na diferença entre alguém amigo e protector e alguém “inimigo” e prejudicial. Neste sentido, aumenta expressivamente o risco de abuso virtual de todas as substâncias, refiro-me ao tabaco, álcool e outras drogas (licitas e ilícitas). Por ex. a exposição a situações adversas (traumáticas) é um indicador evidente de consumo prolongado de tabaco (adicção) na vida de um indivíduo.

Serão comuns experiencias de abuso e traumáticas na vida de uma criança?
Infelizmente, temos conhecimento que as estatísticas oficiais são diferentes dos casos reais. Nos EUA, comparativamente aos dados oficiais e aos casos reais existe um desfasamento de 40 vezes. Isto é, se existirem 1.000 denúncias de casos confirmados de abuso de crianças, na realidade são 40.000 os casos de abuso.

Como poderemos reduzir o abuso de crianças na sociedade Portuguesa?
Na legislação Portuguesa que tipo de leis protegem as crianças? Que tipo de leis previnem o abuso de crianças? Que tipo de leis levam a tribunal aqueles que abusam de crianças? Qual a eficácia real destas leis?

Sabemos que comportamentos impulsivos e agressivos são indicadores sérios de abuso de tabaco, álcool e outras drogas (licitas e ilícitas) e também geradores de delinquência, de insucesso escolar, de casos de justiça, etc. Segundo este investigador, tratar crianças com Perturbação do Defice de Atenção e Hiperactividade (P.D.A.H.) com estimulantes reduz os sintomas do problema, mas não reduz o risco do abuso de drogas durante a vida dessa criança. Graças ao Instituto John Hopkins, uma gestão de comportamentos na turma (programas adaptados a este casos) durante o percurso escolar proporciona um controlo voluntario de comportamentos problemáticos e agressivos durante a infância. Conseguindo reduzir o consumo de tabaco, o abuso de álcool (binge drinking – 5 ou mais bebidas alcoólicas numa única ocasião) e consumo de drogas ilícitas, a delinquência, crime, doenças psiquiátricas e ideações suicidas.

Também existem estudos nos EUA que reportam a ligação da depressão ao abuso de drogas durante a adolescência e idade adulta. A forma mais simples e menos dispendiosa, a mais potente ferramenta de prevenção e tratamento é a actividade física que dramaticamente baixou e que continua a baixar durante a adolescência.

Novas Descobertas
A nossa cultura encontra-se em constante e dramática mudança. Novos indicadores de abuso de drogas recentemente descobertos eram desconhecidos à vinte anos atrás. Distúrbios de sono e falta de actividade física quase se tornam um fenomeno epidémico entre as crianças. Em parte por causa dos computadores, das Playstation, das televisões instaladas nos quartos das crianças e da redução de actividades ao ar livre. Com base nos estudos podemos assegurar que a redução dos distúrbios do sono e o aumento da actividade física são agentes de prevenção da adicção a substâncias adictivas. A principal razão por detrás dos problemas de sono e a inactividade física prende-se com 1.Alteração da química do cérebro e 2.Factores sociais.

Medidas de prevenção com base na redução de utilização de TV entre as crianças reduz inúmeros factores de risco e por outro lado reforça os laços entre os adultos e jovens mobilizando-os para uma actividade física saudável e excitante. Incluindo, aquelas crianças portadoras de genes ou de comportamentos que num contexto social apresentem riscos de abuso de substancias.

“Trabalho Para Casa” - T.P.C.
Envolver as crianças em “círculos de apoio” que proporcionem segurança – família, vizinhos, colegas de escola, grupos de voluntariado, etc. (as crianças necessitam de partilhar os seus sentimentos e medos, aprender a definirem as suas identidades de forma a que não se tornem vitimas ou rufias. Os “círculos de apoio” ajudam as crianças a se valorizarem e a respeitarem aos outros à sua volta).

1. As nossas crianças necessitam de “ferramentas” - competências (cognitivas-comportamentais) que lhes permitam lidar com a raiva, o ressentimento e sentimentos de inadequação e rejeição. Os “círculos de apoio” fornecem às crianças competências que lhes possibilitem transformações (metamorfoses) simbólicas de crianças fracas (vitimas ou rufias) para crianças fortes e resilientes.

2. Os pais também merecem associarem-se a “círculos de apoio” nesta transformação maravilhosa. Precisam de saber quais os seus direitos e de se aliarem em torno de causas que permitam defender a integridade do individuo, da família e cuidar da nossa comunidade.
Como pais, isolados, não sabemos tudo e ainda bem.

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