segunda-feira, 25 de maio de 2009

As notícias que geram milhões


Podemos afirmar que os meios de comunicação social contribuem na transformação da nossa sociedade. Infelizmente, a maioria dos canais de televisão devota grande parte dos seus noticiários a acidentes, desastres e dedicam-se a explorar as eventuais calamidades que podem surgir num futuro próximo. Convocam comentadores e especialistas para uma discussão “acesa” e extensa sobre determinada catástrofe. Na abertura dos noticiários frequentemente escutamos o/a jornalista afirmar, por ex. “Um novo estudo revela que a utilização do telemóvel pode causar o cancro. Saiba mais nas notícias das 20”. Imediatamente somos invadidos por um receio (preocupação e ansiedade) visceral desejoso em ouvir atentamente todo o tipo de tragédias possíveis, mesmo que para isso nada retiremos de benéfico para as nossas vidas.

Por vezes, oiço os noticiários e procuro distanciar-me dos seus conteúdos “inflamados”, visto ter interesse em compreender este tipo de notícias sensacionalistas, absurdas e alarmantes e as implicações do medo na nossa cultura. De que forma, a guerra de audiências entre os canais de televisão que visam o poder, o controlo e o negócio, influencia e manipula o espectador, a comunidade e a sociedade? As famílias e as crianças? Pessoalmente, estou interessado em saber as consequências negativas deste tipo de jornalismo e como eu devem existir mais pessoas. Se alguém me informar, agradeço.

Os conteúdos dos noticiários sensacionalistas procuram manipular a informação num formato desproporcionado, inflamado e visam unicamente o aumento das audiências, e obviamente em potenciar o sensacionalismo. Estes noticiários são apresentados ao telespectador em forma de verdades absolutas, em alguns casos reforçados pelos comentadores e especialistas nas tragédias, que por vezes aparentam também beneficiar desse mesmo sensacionalismo em benefício próprio. O sensacionalismo alimenta-se de mais sensacionalismo. Quase que nos “obriga” a estar informados. Este frenesim gera preocupação desenfreada, sem regras ou limites, em vez de uma opinião pública realista, crítica e ponderada.

O noticiário raramente fornece informação nova ou relevante sobre segurança, mas a sua urgência revela a importância da repetição e, consequentemente, obtém a nossa atenção, como se entrassem pela nossa casa adentro e gritassem “ Não saia de casa ou será morto! Oiça o que lhe tenho para dizer sobre como poderá salvar a sua vida!” São imagens perturbadoras apresentadas com uma urgência artificial e a implicação habitualmente falsa que é imprescindível para si assistir. É deste modo que os noticiários televisivos funcionam como um negócio. O medo tem um lugar justo nas nossas vidas, mas não é o mundo dos negócios, muito menos nas vidas das crianças.

Nestes tempos difíceis aparentamos estar num estado de alerta constante, porque a nossa sobrevivência requer que aprendamos sobre as coisas que nos podem magoar. É por isso que abrandamos perante um terrível acidente de automóvel. Não se trata de curiosidade mórbida, mas sim de aprendizagem. Ao observarmos comentamos ou pensamos: “Olha este devia estar bêbado,” ou “Deve ter sido numa ultrapassagem, “ ou “Não viu o semáforo vermelho”. A nossa teoria é interiorizada, talvez para servir de recurso, caso seja necessário.
Os noticiários sensacionalistas programam e direccionam esses medos para nós e as respectivas audiências são virtualmente garantidas, por uma das mais fortes forças da natureza - a nossa vontade em sobreviver. O que mais tememos é projectado, reflectido e antecipado no ecrã da televisão. São deste tipo de preocupações que a nossa ansiedade generalizada se “alimenta”. Podemos pensar “Bolas, e se um dia me acontecer uma tragédia destas?”.

Há vários anos que não assisto aos noticiários. Estou “abstinente” deste tipo de informação (droga) da qual não necessito para viver, bem pelo contrário, não me faz falta absolutamente nenhuma. Experimente também, em conjunto com a sua família.
Se for um espectador atento e crítico, repara que quando as notícias da actualidade não são suficientemente inflamadas e não existem tragédias “novas”, actualiza-se uma história antiga. No mundo do jornalismo das notícias, as histórias assustadoras nunca acabam.
Se estiver atento os noticiários estes adoptam algumas frases favoritas, uma das quais é por ex. “A polícia de segurança pública fez hoje uma descoberta horrível, na Av. da Liberdade, em Lisboa e vamos imediatamente passar ao repórter no local. Aparece o repórter no local da tragédia, de preferência conhecido do público em geral e já associado a outras tragédias. Carrega um semblante incomodado e a sua voz sugere tragédia e ou tristeza.”

As novas tecnologias contribuem para o acesso e o arquivo de montagens chocantes sempre disponíveis, de modo que, actualmente, se não acontecer nada de terrível a nível nacional, poderá ouvir, “A polícia russa fez hoje uma descoberta trágica, veja mais pormenores, já a seguir ao intervalo”. Pode ter acontecido a milhares de quilómetros, mas é horrível. Quer regressem ao passado para encontrar algo chocante, ou dêem a volta ao mundo, em nenhum dos casos é necessariamente importante para a sua vida. Os noticiários são uma lista de mortes, tragédias, acidentes e catástrofes inabaláveis – que nos entra pela casa sem que para isso seja necessário sair do sofá.

Compreender como os noticiários televisivos funcionam é indispensável para a nossa segurança e bem-estar. Estar exposto a este tipo constante alarme e pânico choca-nos, ao ponto de se tornar impossível separar entre o irracional (preocupações generalizadas) e a realidade. È normal ouvir alguém, em jeito de desabafo - “Está TUDO doido.” Uma vez que se trata de sensacionalismo e não de informação, obtemos uma visão distorcida do que realmente causa perigo para nós.
Considero importante poupar as crianças a este exagero jornalístico. Acima de tudo, é nossa responsabilidade, educa-las para que adquiram competências e consigam interpretar a mensagem central e descodificar entre aquilo que é importante do supérfluo. Vai tudo continuar na mesma.

Deixo este link caso deseje saber mais sobre ética no jornalismo.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Bullying - Vitima e o Agressor

Podemos monitorizar e evitar consequencias negativas que este tipo de comportamento pode causar quer seja na vitima, quer seja no perpetrador. Refiro aos pais, intituições e profissionais.
Ver link

http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=31145

domingo, 3 de maio de 2009

Dança da independencia e da auto-afirmação


De uma maneira ou de outra todos praticamos esta “dança.”
Na realidade, o que torna o grupo de pares (circulo de amigos) tão convincente e determinante no desenvolvimento dos jovens? Como adultos, se recuarmos no tempo e se pensarmos como foi connosco; o que mais ambicionávamos era a independência e auto-afirmação. O que mais ambicionávamos era ser um jovem adulto respeitado pelos seus pares/grupo. Desejávamos tomar as nossas próprias decisões e assumir o controlo da nossa própria vida.

Apesar do desejo forte em assumir a independência co-existia uma sensação desconfortável que antecipava o falhanço, o medo do desconhecido e de tomar certos riscos. E se a sua decisão como jovem adulto fosse errada? E se as coisas não corressem como desejava? O que os outros pensariam se falhasse e cometesse erros sucessivos? Esta dualidade, que frequentemente assalta os jovens é geradora de pressão, o desejo intrínseco de autonomia e maturidade versus a necessidade de segurança e protecção.

A solução? Para a maioria dos adolescentes, esta dualidade é um jogo emocional - “pingue-pongue”. Os jovens praticam esta “dança” de avanços (autonomia) e recuos (dependência) entre a afirmação pessoal e a autonomia - (pingue - eu sei como se faz, deixei-me em paz) e por outro lado, regressa à dependência (pongue – preciso de coisas, vamos às compras?)

Pingue: Os adolescentes passam a maior parte do tempo com o seu grupo de amigos. Fazem parte da moda/cultura em ser “diferente”, como grupo etário – tal como todas as pessoas - é mais confortável e menos assustador do que arriscar, ser “diferente”, sozinho no desconhecido.

Parece ser uma alternativa viável para os pais e para as autoridades aceitar esta realidade, por vezes desconhecida, do que querer controlar todas as actividades, as modas e os rituais dos jovens. Evidentemente, que os jovens não conseguem identificar e vislumbrar este paradoxo. Para eles, definir limites e diferenças, em relação à geração mais “velha” é a confirmação de que caminham na direcção certa. Seguem a sua própria direcção, fiéis aos seus ideais.

Pongue: Sabemos que muitos adolescentes procuram a aprovação dos pais. Procuram o seu amor. Desejam que os pais sejam “testemunhas” das suas conquistas, desafios e sucessos. Verificam se os pais ocupam os seus “lugares” – como referências e modelos. Desejam que estejamos na audiência – “plateia” a assistir ao seu crescimento. Afirmam que não vale a pena ir ao jogo de futebol ou peça de teatro, todavia ficam extasiados se decidimos acompanha-los. Permitem que nós os avaliemos depois do jogo ou cerimónia, mas não querem reconhecimento público. Desejam ser respeitados.

Parece irónico, mas como sabemos existem muitos adultos que são dependentes e que necessitam da aprovação exacerbada dos pais, dos seus parceiros e amigos. Para eles, é difícil assumir e definir o seu rumo a seguir na vida – gerador de comportamentos disfuncionais ex. Codependência, dependência financeira, limitações vocacionais, alcoolismo e dependência de drogas, etc.
Pingue: A criança corre direito ao pai e à mãe, de braços abertos para os abraçar, mas imediatamente averigua se os amigos estão a observar. Os abraços são coisas de jovens e entre o grupo de pares não é bem visto ou aceite. Entre o grupo de pares os valores a seguir são a independência e a maturidade.

Pongue: Se você não consegue atrair a atenção do seu filho para a brincar ou jogar; sente que falha como pai ou mãe. Afinal acha que esta velho/a demais e que já não é admirado pelo seu filho/a.

È confuso? Pode crer que é. Sem dúvida. É confuso para o adulto ouvir do seu filho, num minuto, “deixa-me em paz” e no minuto seguinte, a criança pedir uma sugestão, um conselho ou ser convidado para assistir a um DVD. É confuso para um adolescente num minuto querer fazer tudo de uma forma autónoma e independente, e no minuto seguinte, suplica, metaforicamente, para o pegarmos ao colo.
Apesar dos jovens, por vezes, quererem que os pais terminem naquele momento, as suas funções e o papel, imediatamente a seguir, eles precisam de nós. Precisam de nós (pais, adultos) para os orientar neste jogo da vida. É da forma como nós (pais e adultos) gerimos este – “pingue-pongue” - ao longo da adolescência, que tornamos esta dança mais ou menos problemática ou mais ou menos desconcertante. Quer eles saibam ou não. Valorizem ou não.