sexta-feira, 4 de junho de 2010

Prevenção um Projecto Comum



Após uma década a trabalhar, num contexto terapêutico designado de Regime Residencial de Internamento,  integrado numa equipa de profissionais, de uma forma comprometida e "apaixonada" apoiámos pessoas dependentes de substâncias lícitas, incluindo o álcool e/ou ilícitas (Adicção) e as suas famílias a escolher novos Rumos de vida promotores de qualidade de vida.

Ao longo deste período extraordinário adquiri conhecimento cientifico e empírico (mentores) sobre a natureza da Adicção (neuro-bio.psico.social e ambiente) e realizei que existia uma lacuna quanto à Prevenção.

Mudança de Horizontes 
Foi então em 2003 que comecei a investigar e a acompanhar pessoas e instituições. Se tinha trabalhado com indivíduos dependentes, onde alguns hoje são pessoas validas e integradas na sociedade, considerei prioritário (re)começar pela génese do problema.  Um dos factores que influenciou esta escolha profissional coincidiu com o nascimento do meu filhote. 

1. Quais os factores (comportamentos) de risco que estão associados ao consumo, ao abuso e à doença (Adicção)?

2. Quais os factores de protecção associados a uma vida com planos, objectivos, resiliência (cognitiva/ emocional) e realização espiritual, não religioso?

Uma das minhas constatações sobre a sociedade portuguesa é de que se falarmos em dependência, junto de pais, escolas e comunidade são todos peremptórios "Prevenção das dependências?!...Sem duvida é uma prioridade..." MAS, uma parte demite-se e negligência quando é convidado a assumir o compromisso em se envolver seriamente nesta matéria tabu, desconhecida e "obscura". Parece que se falarmos abertamente é como se de uma profecia se tratasse. Estamos a antecipar o problema "nas nossas mentes" e ficamos ansiosos.

Uma estratégia de prevenção baseada e incutida, nos jovens, com base no medo, não funciona.

Uma das questões que muitos pais colocam é "João, qual a idade em que falamos sobre esse assunto com os nossos filhos?" A resposta é "Não existe uma idade (marco) que esteja definido como o mais seguro e apropriado, existe sim,  uma atitude corajosa e de compromisso (plano e objectivos) que os pais (ambos) podem adoptar sobre a educação actualizada, construtiva, assertiva com empatia desde o nascimento da criança" Por vezes, também respondo com uma pergunta "Qual a idade em que os pais falam sobre a sexualidade e o sexo com os filhos?" A resposta é idêntica. 

A abordagem que alguns pais e escolas "timidamente" adoptam em relação à educação sexual é encorajar a utilização do preservativo. Pergunto. E a sexualidade?

Qual a reacção dos pais quando "descobrem" que o filho é gay? Qual a reacção da família quando a filha adolescente chega a casa e afirma "Estou gravida!"

Qual a reacção dos pais quando descobrem, na maioria dos casos, tardiamente que o filho/a é "drogado/a" ou que abusa do alcool? 

Sabia que a relação custo-beneficio em relação à prevenção é um investimento arriscado, mas válido e produtivo, cujo retorno é valorizado no Capital Humano?

Quanto custa ao Estado o abuso e a dependência das drogas ilícitas?
Quanto custa ao Estado o abuso e a dependência das drogas lícitas, incluindo o alcool?
Quais os custos sociais do abuso das drogas lícitas e/ou ilícitas?
Qual o "custo" a uma família a dependência de um ou varios membros?

O Cerne da Questão
Sabia que nos EUA gastam-se milhares de dólares, na Prevenção, em estudos científicos, programas, instituições e  técnicos, todavia actualmente não existe um programa eficaz?
Existe a excelência em estudos científicos, em programas, instituições e técnicos MAS não existem garantias.

Contudo, todos afirmam e corroboro essa afirmação "Na realidade o que ainda funciona é a qualidade do relacionamento entre adultos e jovens" - Relações humanas honestas e genuínas.

Em Portugal estamos longe desta realidade. Existem imensas discrepâncias entre aquilo que a grande maioria dos adultos faz e aquilo que ensinam (referencias/modelos). Existe um hiato quase "profano" entre gerações (adultos e jovens). Como se os adultos não fossem responsáveis por isso. Quando se afirma que os jovens são "Isto... e aquilo..." (criticas depreciativos e isentas de responsabilidade) não se constroem relações (pontessaudáveis e eficazes.

É necessário promover o compromisso na relação entre os adultos (mentores) e os jovens capaz de gerar experiências inesquecíveis e transformadoras de competências e talentos (design emocional).

Os jovens portugueses não precisam que os pais adoptem medidas (extremas) proteccionistas e/ou rígidas na educação. Os jovens precisam de ser valorizados e legitimados - confiança, liberdade e aprender com os seus erros (limites).

Os jovens portugueses precisam de competências e talentos que lhes permita escolher o Rumo da suas Vidas nas diferentes fases do seu desenvolvimento.

Simplificando, estes "ingredientes" são o básico para a Prevenção das Dependências independentemente da idade das crianças e dos jovens. Acrescento também...a dos adultos.

Se estiver interessado na Prevenção das Dependências contacte-me atraves do email xx.joao@gmail.com
 Mais Vale Prevenir Do Que Remediar. Não acontece só aos outros...


Sem comentários: