quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Políticos e a Prevenção das dependências



De acordo com os últimos dados do Instituto da Droga e Toxicodependência e do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência existe um numero significativo de crianças e adolescentes portugueses afectados pelas consequências negativas das substâncias lícitas, incluindo o álcool, e das substâncias ilícitas. Não é novidade, mas apesar das evidências continuamos sem uma política e uma cultura direccionada para a prevenção das dependências. Todavia, estes relatórios não fazem referencias outro tipo de doenças do foro mental, em muitos casos associados ao consumo de drogas, por exemplo, a depressão e o suicídio. De acordo com a minha experiencia profissional, os dados disponíveis estão subavaliados, isto é, sabemos apenas a ponta do “iceberg” e escondem a verdadeira dimensão do problema.

O consumo e o abuso de substâncias psicoactivas lícitas, incluindo o álcool, e as ilícitas entre os jovens, geram consequências graves a nível psicossocial e elevados custos económicos ao longo da vida. A acrescentar ao fenómeno preocupante e aos custos económicos, podemos também incluir os danos à família, na escola e na comunidade. Para além do elevado peso económico, o consumo e o abuso de substâncias psicoactivas lícitas, incluindo o álcool, e as ilícitas, também afecta as competências do desenvolvimento dos jovens, das quais destaco os relacionamentos interpessoais saudáveis, sucesso escolar e também a entrada no mercado do trabalho.  

Como é óbvio, alguns problemas de saúde mental estão ligados aos problemas de saúde física. Nesse sentido, podemos concluir: saúde mental saudável, melhoras na saúde física. Todavia, os políticos portugueses, apesar do seu conhecimento dos dados acima referidos, optam por negligenciar, e consequentemente, aguardar até que os problemas relacionados com as dependências, despontem, com consequências alarmantes e em alguns casos dramáticas, para depois procurarem as soluções “atabalhoadas”, e excessivamente dispendiosas, para os contribuintes portugueses e para a economia do país. As medidas atabalhoadas, servem somente para “desenrascar”  a situação em si, nunca o problema, na sua verdadeira dimensão.

Na minha opinião, actualmente não existe, e nunca existiu desde o 25 de Abril de 1974, (38 anos) uma vontade expressa e/ou um plano concertado entre os parceiros sociais, a investigação científica, os médicos, a comunidade escolar, os tribunais e a sociedade na área específica da prevenção das dependências. As drogas, o alcoolismo, o tráfico, o consumo aparenta fazer parte de uma estratégia de uma agenda política que visa, somente, angariar votos. Infelizmente, são casos de polícia e dos tribunais. Um número significativo de reclusos, são jovens, cujo delito está relacionado com drogas. Sabemos também que as prisões não reabilitam ninguém, pelo contrário. Em Portugal, não existe história, cultura e políticos que cumpram as suas promessas políticas, em prol dos direitos e das liberdades das crianças, provavelmente, por as crianças não terem “voto na matéria.”

Algumas áreas a necessitar de intervenção:
Prevenir a gravidez Indesejável e/ou em idade prematura.
Competências parentais /Planeamento familiar
Promover competências na escola contra o consumo de substâncias psicoactivas, a violência (bullying), e a educação sexual.
Prevenção das doenças do foro psicológico (depressão, suicídio, outras)
Prevenção da adversidade e gestão das emoções e conflitos (Separação, divorcio, dependências de substâncias dos pais, luto)
Promover comportamentos saudáveis junto de populações mais desfavorecidas
Em plena crise social e económica, a indústria poderosa e milionária das drogas e os seus parceiros, vai certamente proliferar. A oferta supera a procura.
Em plena crise social e económica, a indústria poderosa e milionária do álcool, vai certamente investir nas técnicas agressivas de marketing e de venda, visto a legislação permitir essa ilegalidade. Por exemplo, as bebidas alcoólicas e o desporto não se misturam.

Enquanto os políticos optarem pelo silêncio, sobre a prevenção das dependências, estão a negligenciar e a consentir que algumas crianças e adolescentes, famílias e comunidades continuem a sofrer as consequências dramáticas, assim como a (des) responsabilização pelos custos económicos elevados, associados á dependência das substâncias lícitas, incluindo o álcool, e as substâncias ilícitas. O Mundo dos Adultos não é seguro para algumas crianças vulneráveis. Desde tempos remotos, nunca foi, chegou a altura de quebrar o silêncio.

Não será mais económico o investimento na prevenção dos problemas de saúde do indivíduo, da família e da comunidade (física e mental) em vez de o estado (contribuintes) suportar o peso elevadíssimo da factura na negação dos sintomas e consequências? Qual o resultado pratico da luta contra as drogas? Na minha perspectiva, não identifico um envolvimento e um compromisso na maioria dos políticos na luta contra a droga. Precisamos de líderes que saibam liderar e gerar confiança, precisamos de transparência nas políticas deste país. Como diz o ditado popular: “Mais vale prevenir do que remediar”