segunda-feira, 23 de julho de 2018

123ª Dica Arte Bem Viver de 28.07.2013




Olá,
No mundo convulsivamente competitivo e individualista de hoje está a dar lugar ao desejo obsessivo do ganho material e da segurança financeira. Investigadores americanos que estudam os jovens, durante a vida académica, afirmam que é de realçar as diferenças na importância atribuída a dois princípios contrastantes:
1. O desenvolvimento de uma filosofia de vida profunda. 
2. Ter sucesso financeiro. A maioria dos jovens (74%) afirma que o segundo princípio orienta os seus objectivos de vida.

Apesar de o sucesso financeiro, orientar as prioridades nas nossas vidas, conscientemente, sabemos que existem outras prioridades mais significativas que o dinheiro. Todavia a Dica, não visa o sucesso financeiro, pelo contrário, reforçar as prioridades relacionadas uma filosofia de vida profunda e que contemplem o desenvolvimento psicossocial.

Quais são os seus rituais que reforçam a Arte Bem-Viver? 
Um dos objectivos dos rituais com significado é reforçar o compromisso. Por exemplo, se você valoriza o exercício físico, uma parte do seu dia é dedicado a fazer actividade física. Alguns rituais que praticamos reforçam a ligação à comunidade onde estamos inseridos, exemplo; frequência de lugares religiosos. Outros rituais reforçam os afectos ao sistema familiar, um exemplo; visitar um familiar doente. Os rituais são poderosos e recheado de significado e propósito.

Estabeleça rituais e tradições com significado no seu sistema de relacionamentos (seja de amizade, familiar, romântico ou outro). Os rituais como sabe, são atividades repetidas, determinadas, coordenadas e que têm um significado profundo e recompensador a médio e a longo prazo. Comprometa-se a celebra-los e evite fazê-lo quando é apenas conveniente. O poder dos rituais reside na repetição e na conjugação de esforços. Sem estas características o ritual torna-se numa mera rotina e amorfo de significado.

Quais são os rituais geradores de sucesso? Qualquer sucesso na vida obriga a um esforço contínuo. Aquele tipo de sucesso mais permanente e gratificante exige reflexão profunda sobre o propósito que serve de base a esse esforço; relação causa e efeito.

Actualize-se em relação ao seu próprio crescimento e maturidade. Sabia que estamos sujeitos à adversidade, ao preconceito, ao conformismo e ao tédio? Isto é, precisamos de renovar e reinventar as nossas competências cognitivas e emocionais através de um trabalho interior.

Cultive rituais que o/a liguem a outras pessoas (positivas e genuínas) e que promovam a literacia emocional e espiritual; por exemplo ajudar e ser ajudado/a em momentos adversos, a honestidade, a confiança, o desapego, a intimidade, a fé e esperança (meditação e oração) e a resiliência. Cultive rituais artísticos geradores de fluxo/energia altamente motivador. Desenvolva rituais saudáveis que promovam e reforcem o auto conhecimento (gestão do stress e do conflito, tomar decisões relevantes, coerentes e consistentes, reforço de convicções e sonhos).

Esta semana monitorize os seus rituais. Identifique quais são os rituais negativos e os rituais saudáveis. Conquiste o direito a uma vida com qualidade na Arte Bem-Viver.
Desejo lhe uma semana fantástica
Cumprimentos


Nota: Considera que esta dica pode ser útil a alguém familiar ou conhecido? Pode reencaminhar a dica através de email.



segunda-feira, 11 de junho de 2018

O estigma, a negação e a vergonha e a prevenção dos comportamentos adictivos




Por motivos históricos, culturais e morais, precisamos de mudar a perceção de algumas crenças rígidas e disfuncionais. Segundo o dicionário da Priberam da Língua Portuguesa estigma é. "Marca, cicatriz perdurável, marca infame feita com ferrete." Recorremos ao estigma ("marca", rótular, preconceitos) a fim de nos diferenciar dos outros, desta forma, estabelecemos uma identidade social, convencendo que somos aqueles que são os "normais.". Na realidade, todos nós já sofremos com o estigma; fomos marcados, sinalizados como “anormais -  persona non grata.  

Segundo o dicionário Priberam da Língua Portuguesa negação é: "Não confessar culpa ou delito, recusar, repudiar, afirmar que algo não existe (desmentir), rejeitar" O que é que fazemos quando não queremos ver a verdade? Quando adiamos algo importante? Como é que se ajuda uma pessoa que recusa ser ajudada? O que é que fazemos quando justificamos o injustificável e o disfuncional?
Optamos por esconder, não ver, não sentir e resistir à mudança de comportamentos e atitudes. 

Segundo o dicionário Priberam da Língua Portuguesa vergonha é: "Pudor, pejo, timidez, acanhamento, timidez, embaraço, receio de desonra" Esta definição diz-nos pouco sobre o poder toxico da vergonha. A vergonha tóxica está enraizada na identidade (ser); não ser digno, não merecer, algo está errado connosco, preocupação e perfecionismo. A vergonha é mais difícil de identificar do que o sentimento de raiva, a ansiedade e a necessidade do controlo. Levamo-nos demasiado a sério (excesso de zelo, moralidade) porque queremos “esconder” a vergonha tóxica.

Passamos uma parte considerável da nossa vida social a fingir, a negar e a proteger-nos da critica alheia com medo de revelarmos os sentimentos: desenvolvemos a crença que seremos criticados/julgados, repudiados por isso. Na verdade, sentir é OK, independentemente, daquilo que outros pensam ou dizem. É uma prioridade conseguirmos ser honestos connosco próprios.
 Alguns factores que reforçam o estigma, a negação e a vergonha. 1. Preocupação excessiva sobre o que é que os outros pensam 2. medo desmesurado do desconhecido 3. necessidade de certezas absolutas 4. ansiedade, perfecionismo 5. "ter o controlo sobre tudo" 6. comparação e competição excessiva 7. viver de aparências ou estilos de vida que não podemos suportar.

terça-feira, 1 de maio de 2018

Negar as evidencias não é um acto responsável.



Gradualmente, a legalização da canábis (resina e planta), vulgo haxixe e erva, sem ser para utilização terapêutica, tem ganho adeptos dos mais variados quadrantes da sociedade; partidos políticos, organizações não governamentais, opinion makers, alguns artistas, comunicação social, etc. Pessoalmente, não sou a favor da legalização da canábis e explico porquê. Não tenho nada contra as drogas, tenho é muitos motivos para estar desacreditado e desiludido em relação às pessoas, refiro-me aos decisores políticos.  Por outro lado, os portugueses não estão suficientemente informados, a nível científico, sobre os efeitos da droga psicoativa alteradora do sistema nervoso central. Quantas aldeias e vilas empobrecidas, principalmente do interior do país, estão informadas a nível científico? Estas pessoas continuam a recorrer aos mitos e tradições retrogradas e desatualizadas, em termos de comparação, acrescento o consumo do álcool, para efeitos terapêuticos, “beber álcool aquece”, “beber álcool alimenta “ou  “beber algo dá energia”, etc. Nestas aldeias, mais depressa se encontra um traficante de canábis, do que luz na rede elétrica. Nas consultas, escuto pais, licenciados, também baralhados e confusos, perante os argumentos, adquiridos na rua ou informação falsa, dos seus filhos que insistem que o canábis é uma droga inócua para a saúde.

Quando penso na legalização da canábis, dá a sensação que primeiro legisla-se e depois legaliza-se ou vice-versa, mas o que importa é a visão mercantilista da coisa de acordo com as leis do mercado (milhões de euros nos cofres do estado em impostos, postos de trabalho, mercado negro, etc) e depois que se lixem, as pessoas e as suas famílias, que apresentam problemas graves de saúde, devido ao uso e abuso da cannabis, por exemplo, indivíduos com surtos psicóticos, depressão e ansiedade. Sabia que a canábis gera dependência psicológica? Numa consulta com Nuno (nome fictício) afirmou o seguinte: “Estou cheio de medo de largar a erva… depois o que é que vai ser de mim??? Acho que não vou conseguir…estou com medo…” De notar que o discurso do Nuno, estava emocionado e assustado, visto, há décadas consumir canábis, diariamente. Para terminar, um dia escutei um documentário onde o investigador fez a seguinte declaração: “O canábis não mata, mas pode enlouquecer. “, subscrevo.

Alguns fatores importantes sobre a Legalização do canábis (Alimento pro pensamento)
  • Condução sob o efeito de canábis. Legislação
  • Legislação no trabalho. Irá o consumo de canábis afetar o rendimento/produtividade no trabalho?
  • Idade legal para o consumo – EUA de acordo com a legislação são 21 anos
  • Indústria milionária -   Marketing agressivo, leis do mercado, concorrência, mercado negro, lucro, outros produtos, por exemplo, confecção de bolos, doces (risco de consumo por crianças).
  • Qual é o nível de THC permitido/seguro para consumo? Sabia que o nível de THC é elevadíssimo comparativamente há 20 anos?
  • Para os pais – orientações científicas sobre o consumo, abuso e dependência psicológica, refiro-me à prevenção e ao tratamento.
  • Escolas – políticas e critérios - orientações para os professores e pessoal não docente.
  • Prevenção do abuso e dependência do canábis – campanhas informativas nos meios de comunicação social.
  • Alternativas aos consumos/abuso de canábis, por exemplo, em festas, concertos, queimas das fita, etc
  • Evidencia científica sob o consumo, abuso e dependência do canábis
  • Posse legal de canábis /Quantidade?
  • Cultivo, produção, fabrico e extração das substâncias psicoactivas a fim de estarem disponível para o consumidor final.
  • Segundo a evidencia cientifica o consumo durante a adolescência aumentou o risco de surtos psicóticos. Nos EUA, um em cada 6 adolescentes que experimentam canábis ficam dependentes. O risco de dependência é maior do que do álcool.
  • Atualmente a canábis é mais potente (níveis de THC agente tóxico activo) comparativamente há 20 anos. Aumenta o risco de dependência?
  • Saúde vs Economia - Decisores políticos – estratégia para a prevenção, o tratamento e a recuperação das pessoas dependentes. O problema não são as drogas, o problema são as pessoas.
  • Trafico, mercado negro.
  • Factos: nos EUA, em alguns estados, o numero de adolescentes que vão as urgências dos hospitais aumentou após a legalização do canábis. Nos EUA o numero de acidentes de viação aumentou após a legalização do canábis.
  • Na minha opinião, Portugal, (principalmente, os decisores políticos) não está preparado para seguir uma estratégia que assegure o apoio às pessoas, às suas famílias e às comunidades, refiro-me á prevenção e ao tratamento do abuso e da dependência do canábis. Assim como não existe um dialogo (pontes) entre a comunidade cientifica e o publico em geral, devido principalmente ao estigma, ao preconceito (e hipocrisia), à negação e à vergonha. Todavia, observo pequenas ações educativas, por exemplo, Ordem dos Médicos, mas para fins terapêuticos.
  • Consumo de canábis durante a gravidez e efeitos para o bebé.
  • Utilize esta lista para abordar o tema com os seus filhos. 




quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Os conflitos entre pais, não envolvem os filhos


Qual é o impacto que o conflito entre os pais (e famílias) tem nas vidas das crianças?

A perturbação traumática é capaz de induzir a criança num estado de alerta constante, resposta fisiológica - lutar, fugir, cristalizar, vulgo fight or fly response. Este estado de alerta constante desencadeia a libertação de hormonas do stress no seu organismo, capaz de interferir, negativamente no desenvolvimento (arquitetura) do cérebro. Segundo a Academia Americana de Pediatras afirma que a resposta biológica a este estado de alerta constante pode revelar-se altamente destrutiva e durar a vida inteira. Segundo exames de ressonância magnética em crianças revela que episódios de violência, abuso emocional e/ou sexual, violência domestica ou pais adictos a drogas lícitas e/ou ilícitas, incluindo o álcool, entre outras perturbações traumáticas, podem comprometer algumas áreas cruciais sobre o funcionamento do cérebro. Segundo um estudo conduzido em mais de 17.000 doentes num Hospital de S. Diego (Kaiser Permanente, USA 1998) revela que as pessoas com perturbações traumáticas estão mais predispostas para abusarem de drogas e sofrerem de alcoolismo, desenvolverem doenças mentais, suicídio e cancro.

Como bem sabemos, o conflito faz parte do relacionamento com as pessoas. Quando conhecemos alguém, mais tarde ou mais cedo, iremos desenvolver um conflito com essa pessoa por discordarmos e/ou confrontarmos ou vice-versa. Se imaginarmos o mesmo cenário, mas acrescentarmos o facto de vivermos na mesma casa, “debaixo do mesmo teto”, durante um período considerável, a probabilidade do surgimento do conflito ainda é mais elevada.  Todavia, a questão fulcral é o que é que os pais podem fazer de forma a gerir o conflito sem envolverem as crianças, pelo menos o menos possível. É possível? Sim, nestas alturas de conflito, como adultos, precisamos de recordar que as crianças possuem uma interpretação completamente diferente sobre o conflito e contemplar uma estratégia, “plano de batalha entre adultos” com critérios bem definidos, a fim de salvaguardar a criança de eventuais danos. Convém também salvaguardar que nem todo o conflito gera dano/trauma, mas quando este se revela frequente, intenso e duradoiro, certamente irá gerar consequências negativas na criança. 

Existem evidências cientificas sobre o conflito entre pais, quer estejam a viver em conjunto/maritalmente ou estejam separados/divorciados, revelam que o conflito pode comprometer seriamente a saúde mental da criança, assim como, durante o seu percurso de vida.

Quando houver conflitos, entre pais, ambos ou pelo menos um dos progenitores, faça questão de que a criança não assista à “guerra dos adultos”, explique à criança que é assunto de adultos e que aconteça o que acontecer os pais vão sempre ama-la com honestidade, compromisso e esperança. Os pais são uma referência para o desenvolvimento da criança.